08/05/2012
O vício de fumar

O vício de fumar é quase tão antigo como o surgimento do homem na terra. Claro que com o passar do tempo, a forma de se produzir o fumo e de se fazer o cigarro, evoluíram, bem como as diferentes formas de consumo, mas tabaco é tabaco e sempre será.
Há não muito tempo atrás, ainda quando eu era um garoto, fumar era sinônimo de machismo, de elegância, de ser moderno e até de status. Também há não muito tempo atrás, no máximo dez anos, era permitido fumar em qualquer lugar. Neste caso, o maior prejudicado era o não fumante, que acabava fumando tanto quanto o fumante. Gozado é que o não fumante não tinha direito se quer de reclamar, pois a coisa era mais ou menos assim: os incomodados que se mudem!
Muitas vezes dava a impressão de que quem estava errado ou “por fora”, era o não fumante. Fumei muito nessa vida e na hora mais errada - dos oito aos 16 anos. Se bem que não creio ter hora certa para praticar esse vício. O que eu gostava mesmo era do meu isqueiro Rhanson, à base de benzina. Um verdadeiro luxo! Só os bacanas tinham! Sua chama azulada e o cheiro da gasolina de avião me fascinavam!
Exatamente por ter fumado alguns bons anos da minha vida, sou um “chato de galocha” com os fumantes. Quando gosto de uma pessoa que fuma chego a ser inconveniente de tanto que peço e faço discurso para o cidadão deixar o vício. Confesso que na maioria das vezes meu discurso é em vão, mas não desisto. Na maioria das seleções de empresas, se houver empate entre um fumante e outro não fumante, certamente a preferência recairá sobre o não fumante, mesmo que discretamente, sem dar a impressão de discriminação - é claro.
É como diz o ditado: um dia li que fumar era mau e deixei de fumar, li que beber era mau e deixei de beber, li que comer gorduras era mau e deixei de comer, li que sexo era mau e... deixei de ler!
É interessante como reage a maioria dos fumantes quando submetidos à pressão. Simplesmente ignoram ou passam a fumar mais. Este foi meu caso. Meu pai detestava que eu fumasse , mas pasmem, fumei meu primeiro cigarro de palha aos oito anos de idade, e fumei escondido da minha família até os dezesseis. Meu pai chegava a prometer uma surra a quem me desse cigarro, mas pouco adiantava. Aí que eu fumava mais ainda. Sou da época de catar bituca apagada e de pedir a benga acessa aos fumantes. Quando haviam dois disputando a mesma bituquinha babada, a gente dizia: eu pedi primeiro!
Ao completar dezesseis anos ele me disse: - filho, tentei de tudo para você largar este maldito vício e não consegui, portanto, a partir de agora pode fumar à vontade; inclusive na minha frente. A minha reação foi broxante. Pensei: agora perdeu a graça - vou largar de fumar! E, três meses após, deixei para sempre.  Sei que muitos fumantes não irão gostar nem um pouco do meu atrevimento em escrever sobre este assunto, mas podem retrucar como bem entenderem porque meu lombo é mais grosso que couro de tatu peba.
Eu gosto do comentário do Boris Cassoy quando comenta alguma coisa relacionada ao cigarro. Diz ele: - “olhe, cada vez que você fuma um cigarro, você está ingerindo quase cinco mil toxinas diferentes, mas se mesmo assim você insiste em continuar fumando, lhe desejo uma feliz morte”. E nessa crônica, não encerrarei com o chavão e viva o vício de fumar, mas sim...
ABAIXO O VÍCIO DE FUMAR!
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Osvaldo Piccinin

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