17/10/2012
Essa tal felicidade

Em tempos de tantos problemas  existenciais nunca se falou tanto, como agora ,sobre a almejada felicidade. Livros são editados sobre o tema. Orientações são oferecidas a todo instante em rádio, TV e pela própria internet. Há  citações de  fórmulas, comportamentos, atitudes e  os mais variados treinamentos para se alcançar  o  sonho  constante  de todos os seres humanos: Ser feliz.
Obviamente, se felicidade fosse uma coisa simples ou de raras controvérsias, seria ensinada em salas de aula, vendida em lojinhas de souvenires e importada dos mais variados países. Sempre a gosto do cliente.
Mas, por sorte ou azar, ser feliz é complicado. Dá trabalho e é   difícil  de se padronizar. Daí ser impossível  sua industrialização.
Enquanto isto não acontece, nós simples mortais, vamos buscando aqui, procurando ali, indagando lá , numa tentativa   incansável de vivenciar esta plenitude de satisfação.
Se, para uns ser feliz é navegar num mar calmo de conforto material, luxo, dinheiro,  pouco trabalho e muito status, para outros ser feliz é estar no pico da realização profissional e emocional, colecionando títulos, fama e popularidade. Em  outro extremo, para alguns, é simplesmente curtir a vida, sem preocupações e sem tantas responsabilidades.
Independente à  classe social de cada um, certo é que, todos sem exceção aspiram por essa tal felicidade que  nem sempre é completa e que  na maioria da vezes é tão transitória como a própria vida.
Verdade  é  que, sentir-se feliz  sempre foi  muito  árduo e juntar um pouquinho de tudo seria  o ideal. Realização emocional, com uma dose sensata de realização material, nunca foi  pecado  e nem utopia. Até se faz necessário.  Mas então, porque a dificuldade em vivenciar isto?
Penso que a resposta esteja em nós mesmos, eternos insatisfeitos, dominados por nossa  desmedida vaidade e prepotência que, inevitavelmente,  nos impede  de  enxergar os discretos sinais que a vida  nos  apresenta. Muitas vezes  estamos  até bem próximos dela. Mas não percebemos. A felicidade  se distancia dos míopes espirituais, dos  gananciosos, dos vingativos,  dos vaidosos,  dos intolerantes e dos egoístas . E só bate à porta  mesmo, dos  generosos , dos humildes, dos entusiasmados, dos bem  humorados , dos descomplicados  e dos que estão sempre  de bem com a vida ( aqueles ,descritos por mim   em outra crônica).
Felicidade não rodopia  por salões luxuosos, nem transita em carros importados. Não ostenta adornos exuberantes, pois já é a  própria  joia da alma e do coração humano. Não se fantasia, não usa disfarces, não esconde verdades, não oculta vontades. Felicidade não usa maquiagem e nem vive de aparências. Felicidade abomina a representação. Não chora o leite derramado, o passado traumatizante ou o futuro incerto. Felicidade simplesmente extasia-se com momentos intensos, singelos e únicos. Mesmo que curtos. Mesmo que rápidos.
Felicidade é  apenas uma   postura positiva e corajosa   diante da vida e  das dificuldades. É a plena consciência de que, sorrir é sempre mais estimulante  que lamentar-se. Felicidade é puro sentimento de amor e compreensão  à vida, às pessoas , às contradições humanas e a tudo que torna os  sentimentos ainda mais indecifráveis.
Mas, há quem só a enxergue além. Além das possibilidades, além do permitido, além do possível e além do que é de direito.
E aí, nestes casos, infelizmente a busca  se torna ,de fato,  inútil.

FATIMA CHIATI



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