27/09/2016
Me permito amar?

Me permito amar?


Hoje no meu momento café comigo mesma senti vontade de registrar um pensamento.
Não acredito que os contos de fada sejam parte da realidade em sua formosura e glamour de vestidos, cavalos brancos, pássaros cantando e casamentos perfeitos.
Talvez realmente não existam mais estes personagens românticos em seus castelos e conquistas.

Talvez a falta de crença num amor verdadeiro esteja acabando com os encontros de finais de semana para namorar  porque esquecemos de acreditar no outro como um ser inteiro e passamos a hostilizar as formas de carinho aniquilando relações profundas por falta! Falta de nós mesmos! De tempo, de paciência, de compreensão, de dedicação.

Mas por que? Ela parecia tão sensível! Ele tão compreensivo!
Inevitável não questionar por quê nos enforcamos gradativamente e sem conciência, por vezes, nas agruras que supostamente o outro nos causa (?).
Paulatinamente deixamos a perseverança nesta atividade complicada de relações a dois pelo cansaço do que não pertence por essência a esta pacto quase bipolar.
O stress, a cobrança do chefe, o trânsito caótico, o filho doente, a falta de dinheiro, a instalação da tv, as duas horas de fila nun banco, a chuva que ensopou nossa roupa, o chuveiro queimado em noite fria, a faxina da casa, a organização das contas, do armário, do itinerário, da viagem, do inferno ganham forma de monstros caseiros! E caseiros sim! Chegamos no saudoso lar, ou sequer conseguimos sair dele, e olhamos para aquele ser que supostamente deveríamos compartir esta clausura de problemáticas e a maior vontade é de sumir até com este que dizemos que amaríamos “ad eternum”!
Estamos sucumbindo à vida cotidiana e matando o amor porque ele dá trabalho! É verdade o amor frustra, cansa, chora mas sorri, compreende, soma!
Regar este contrato de carinho requer algo que já não temos mais :ganas de verter gota a gota a essência de vida de amantes em seu sentido pleno. E assim, mantemos em banho maria (no melhor dos casos) algo que seria nossa paz no fim do dia, ou no meio, ou durante todo o dia ainda que distantes, se não estivessemos orbitando ao redor de nosso ego e vontades de um mundo exterior denominado “meus problemas”.
Vamos ao extremo e dicotômico paradigma subjacente de querer ser ou ter o parceiro perfeito enquanto não nos movemos sequer para retirar esta basura diária que aniquila qualquer relacionamento pela impaciência de sacar o caráter burlesco de nossa rotina e limparmos o outro da culpa de nossa insana vida no mundo selvagem.
E a conexão entre dar crédito ao relacionamento “de casais” e todo este discurso acima está justamente no total exauriamento de nossas forças para lutarmos em sair da crença do amor pueril e aceitarmos que absulutamente toda relação é uma simbiose de 2 pessoas  diferentes que se beneficiam mutuamente!
O seu companheiro é diferente de você e tem problemas!
Fede, arrota, peida, tem chulé! Não tem vontade de fazer a barba todo dia porque levanta as 5 da manhã, não faz as unhas impecavelmente toda sexta feira porque tem a roupa da semana para lavar tambem!
Realmente não há amor?
Se sua resposta for: “nao sei ou existe amor mas...”, então passamos para a segunda etapa:

“Assuma que esta desgastado porque viver é o maior desafio que temos.
Assuma que não tem “saco” para nada mais que resolver o que não pode deixar de resolver!
Mas não mate seu companheiro de esquecimento porque seus contratempos são tão perniciosos quanto os seus!”

A solução para nossas frustrações tem sido aniquilarmos a vida de casais.
Clarificou sua idéia sobre o outro? Desmistificou o conto de fadas?

Pois bem, aqui fica uma proposta de reflexão:

Ponto, parágrafo: queremos paête mas vemos papelucho sem nenhuma importância no amor de homem e mulher.
Reconstrói. Não há altezas esperando você em casa !
Talvez o ogro já não seja tão ogro e  Shrek e Fiona mostrem uma nova forma de aceitar o próximo, sem buscar perfeições mas aceitar as diferenças e aprender que não importa o tamanho das angústias e decepções que guardamos. Talvez  uma nova forma de amar ainda é uma prova que o ser humano pode acreditar em ser companheiro de vida, de cama, do que você quiser. Mas certamente longe de príncipes e princesas modeladas a mão pelo artesão da vida mais reconhecido no Universo!
Enquanto houver sonhos há chances de transformarmos a vida a dois em algo bom e confortante! 
Crer que sapos não são só sapos, que Fionas têm coração, e que amar vai além de homens perfeitos e princesas submissas é uma maneira de não perdermos o bem no mundo frio que nos colocamos”.

Amizade, carinho, preocupação e muitos anjos a nos apoiarem a não desistir de aceitar o que já não aceitamos mais: novas formas de companheirismo e dedicação.
Que não percamos de vez a leveza dos sentimentos para que possamos plantar sementes belas deixando a esperança de um mundo menos frio a nossos descendentes!


   Daniele de Cássia Rotundo



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