30/04/2020
A Viagem (com a sogra) - Segunda parte

A Viagem (com a sogra) - Segunda parte

Depois de alguns dias, fomos para Las Vegas, meu genro preferiu que fossemos de carro, para que fossemos conhecendo a paisagem e também, termos a possibilidade de assistir o “pôr do sol” no deserto.

Ouvi a palavra DESERTO?

Quase tive uma síncope, como assim, vamos para o deserto? Calor? Meu Deus do céu.

Ele: “Calma Selma, você estará dentro do carro com o ar condicionado, não sentirá nenhum calor. Sim... Las Vegas fica num deserto, não lhe contei antes, porque já sabia que você iria entrar em pânico.”

E assim fomos numa viagem muito interessante pela “Route 66”, onde vimos os canyons, a vegetação cerrada, e a alguns pontos da estrada famosos, palco de muitos filmes.

Vimos um por de sol dos mais fantásticos da terra.

Cabe dizer aqui, que o carro alugado era enorme e no fundo tinha um assento sozinho, que foi reservado para a sogra, claro...Mas como ele balançava muito, comecei a sentir-me enjoada, então ficou determinado pela minha filha, que eu viajaria ao lado do motorista, no caso meu genro, que foi logo dizendo: “Se você abrir a boca para reclamar de alguma coisa, eu lhe jogo no deserto e nem olho para trás...” Como eu sou amada!

Chegamos em Las Vegas, ao anoitecer, e pude então constatar que no deserto faz muito frio à noite, o que me deixou um tanto aliviada.

O hotel que ficamos foi o “The Venetian”, uma verdadeira réplica da cidade de Veneza, com os canais para se passear de gôndolas de tamanho original, que são pintadas com ouro em pó, contrastando com o azul das águas, pelas as quais navegam. Também os gondoleiros têm a vestimenta original da Itália e cantam enquanto nos levam para um passeio muito romântico...nessa hora comecei a sentir falta de meu marido, que ficara no Brasil. O hotel, tem cerca de 8100 suítes. Ficamos em suítes master luxo. Quartos imensos, cujas camas, tinham aqueles cortinados, que a envolvem por completo, parecendo ali as tendas das arábias. No frigobar, existiam bebidas finíssimas, partindo de Champagne, a verdadeira francesa, é obvio, e algumas outras que ao experimentar, pareciam bebidas servidas aos deuses do Olimpo. Meu genro nos deixou à vontade para nos servirmos, então não preciso comentar, amante de vinhos como sou...

Os banheiros imensos, com mini piscinas de água borbulhantes, banheiras, e demais peças, com torneiras banhadas a ouro. Confesso que fiquei em dúvida quando soube desse detalhe, mas é verdade.

Os conjuntos de cremes e shampoos que ficavam à nossa disposição, eram um verdadeiro tratamento de pele e cabelos, aliás, lá têm um magnífico Spa com tudo que se possa imaginar em termos de tratamentos de beleza e relaxamento.

O hotel oferece 10 piscinas externas, sem contar as internas, mais exatamente nos corredores do cassino, onde ficam lindas mulheres seminuas, atraindo os homens para o jogo.

Tem shopping, com lojas das marcas mais famosas do mundo, ex: coco chanel, etc

Há vinte restaurantes internacionais, administrados por chefs famosos, casa noturna, museu de cera e teatro.

Foi num restaurante francês que meu genro fez questão que eu provasse um prato típico, o ”Foie Gras”. Um famoso chef preparou o prato na minha frente, me serviu e aguardou que eu provasse, aquilo que na verdade era um imenso fígado de ganso, me causando repulsa na mesma hora.

Mas eu precisava comer, todos olhavam para mim com aquela cara de expectativa. Minha filha falou baixinho: “quero ver você sair dessa”. Respirei fundo, cortei um pedaço pequeno, e para meu horror, ele estava mal passado! Eu não conseguia mastigar, mas não podia fazer uma desfeita ao “chef” e muito menos dar “o braço a torcer para meu genro”, que fez questão de testar meu limite ali!

Engoli alguns pedaços, até o “chef” satisfeito sair de perto.

Meu genro me aplaudiu dizendo: “parabéns, você não perdeu a classe”. Na verdade, eu queria mata-lo naquela hora. Até hoje me sinto mal quando lembro desse episódio. Aqui vale ressaltar, que eu nunca gostei muito de carne e hoje sou TOTALMENTE VEGETARIANA.

Estivemos também num restaurante oriental, onde preparavam o alimento diretamente na mesa do cliente, e faziam um verdadeiro show de malabarismos com os camarões e lagostas que iriamos comer. As crianças se divertiram muito, mas nós as mulheres, nem tanto, afinal saímos de lá totalmente defumadas, engorduradas, pensando nos nossos lindos casacos recentemente comprados com aquele cheiro de peixe frito.

Os passeios em Vegas, são principalmente nos hotéis que procuram recriar lugares famosos do mundo, como a Torre Eiffel de Paris, a Praça São Marcos da Itália, as Pirâmides do Egito e muitos outros lugares. Estivemos em todos. Apreciei muito o Museu de Cera “Madame Tussauds”, onde tirei fotos com Elvis Presley, e me casei vestida de noiva com “Schwarzenegger”, e outras bagunças mais.

Em todos os hotéis, têm cassino e o que nos separa deles, é apenas uma faixa no carpete.

Me causou espanto que ao voltar à noite dos passeios, via os mesmos jogadores que ali estavam desde a manhã. Ao questionar meu genro sobre isso, ele explicou que os ambientes dos cassinos têm uma hiper oxigenação, o que faz com que as pessoas não sintam sono nem cansaço, além de exaustores especiais que não deixavam nenhum cheiro dos cigarros e charutos que são abundantemente consumidos ali. Então entendi o porquê das ruas terem forte cheiro de charutos.

É realmente um lugar em que se pode perder milhares de dólares em um dia, e por isso mesmo, os apartamentos dos hotéis não tem janelas abertas, uma vez que muitos podem tentar o suicídio após terem sua ruina decretada.

Minha aventura em Vegas quase matou meu genro de susto. Fui presenteada para ir a um show do “Cirque du Soleil” com meu neto de 15 anos. Fomos deixados na porta do teatro que ficava num dos pisos superiores do hotel francês, com a recomendação de na saída, nos encontrássemos na portaria onde tinha um ponto de taxi.

Foi o que fizemos. Ou pensamos ter feito. No andar errado!!! Aí começou a confusão, estávamos no cassino. Meu neto, que fala inglês, inutilmente pedia informações aos funcionários. Ficamos andando em círculos por quase 2 horas sem achar a portaria. Eu já estava em pânico, pois estávamos sem telefone nem dinheiro. Quando finalmente conseguimos fazê-los entender o que queríamos, achamos o local, que estava no piso inferior de onde estávamos. Ao chegarmos na portaria, meu genro não estava mais lá, e sim nos procurando desesperadamente dentro do hotel. Afinal, como explicaria para a esposa que tinha perdido a sogra e o filho.

No último minuto, ele chegou, estava pálido e muito assustado. Ao vê-lo, cai em prantos, pude finalmente parar de bancar a super avó e extravasar meu susto. Combinamos que minha filha não poderia saber do ocorrido, pois ela “mataria” o marido.

Tirando essa fatídica noite, meu genro foi para o cassino todas as demais em que estivemos lá, esperava todos dormirem e saía de mansinho, retornando ao nascer do sol enquanto “todos” ainda dormiam. Eu via, mas não sou sogra dedo duro, afinal... o que acontece em Vegas, fica em Vegas.

Vegas... sem censura!

Vegas... tudo pode!

Vegas... filial do Inferno!

Continua...

Selma Esteticista


 



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