O passado passava lento
Hoje em dia quem pelo menos de vez em quando se lembra de como viveu no passado? Sabe-se que muitos que viveram entre nós já foram embora daqui, então, eles não mais têm como se lembrarem, pois, também muitos deles que se foram estão esquecidos e raramente são lembrados até pelos seus parentes que aqui ficaram e ainda estão por aqui em Caieiras. Quem que ainda está por aqui se lembra de quando funcionários da Indústria Melhoramentos mensalmente iam para todas as casas do lugar para medirem o consumo de energia elétrica? Em todas as casas o medidor, ou, “relógio” como era chamado ficava instalado nas áreas externas das casas para os medidores cumprirem suas tarefas até sem que os moradoras os vissem.
Lembro-me de dois deles, do Zé Marcondes e de outro que tinha o apelido de Mazzaropi e se não me engano seu nome era Maurício. Outros também os substituíam “de vez em quando”. Lá na casa onde eu morava só se podia gastar energia elétrica, se me lembro, até 95 quilowatts por mês. Mas, com a compra de aparelhos elétricos pelos moradores de lá, como, por exemplo, o chuveiro e o ferro de passar roupa elétrico, que, antes era de “ferro a brasa”, era preciso ir até o escritório da indústria para pedir mais quilowatts para se gastar e para melhor suprir as necessidades aumentadas de energia. Mas, não havia hidrômetro para medir o consumo de água que se podia gastar à vontade, lavar o quintal, regar o jardim, regar a horta com o regador ou até com mangueira bem comprida (risos)
Altino Olímpio
O mundo era das crianças
Pensar que o se lembrar é o atrair do passado para o presente... .... Quando criança naqueles dias tão claros de sol, as ruas do trajeto para a escola eram todas enfeitadas com as borboletas batendo as suas asas pelos ares antes de pousarem nas flores coloridas que haviam nas matas que ladeavam as ruas de terra por onde a gente passava. E aqueles besourinhos verdes que as centenas ficavam apoiados na vegetação baixa e ao pegá-los, com suas patinhas faziam “coceguinhas” quando ficavam fechados na minha mão. Quase sempre que se entrava nas matas se voltava com a roupa “pintada de uns risquinhos pretos” que se chamavam de picão e que se soltavam de uma planta que tinha o mesmo nome e grudavam na roupa quando se esbarrava nela.
Na escola que era costume de alguns meninos (como meu também) comparecerem descalços, as meninas eram mais bem vestidinhas. Os cadernos delas eram mais enfeitados e entre as folhas deles elas colocavam o papel de embrulho colorido do chocolate “sonho de valsa”. Naqueles tempos já se gostava de algumas meninas, mas, elas nem sabiam (risos). A alegria da hora do recreio era saborear o sanduíche de pão com ovo frito, brincar e se descontrair até ouvir o som da campainha do momento do retorno às aulas. Naqueles tempos parecia que havia uma magia pelo ar difícil de explicar.
Altino Olímpio