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Ele foi uma presença marcante

Dimas Parizotto você pediu uma crônica sobre uma lenda de Caieiras, aqui vai, então.

Para quem se lembra a rede Globo de TV gravou para o seu programa de domingo, Fantástico, o show da vida, um trecho com o Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, pai e filho, cantando na estação de trem de Caieiras. Naquele dia o destino uniu dois reis! Um do baião e outro o do desprendimento. Trouxe aquele “bode” velho de Asa Branca, que foi “aprendiz” da liberdade, foi um bom “companheiro” e grande “mestre” da vida para homenagear o nosso rei do desapego. Palavras entre aspas são comuns entre irmãos daquela associação filantrópica só para homens a qual o Luiz Gonzaga pertencia. No momento da gravação o destino foi buscar um personagem pitoresco do local e trouxe-o pedalando sua inseparável bicicleta. Também, enquanto pai e filho cantavam, o destino fez com que a câmara de gravação se desviasse deles para focalizá-la no personagem com sua bicicleta e, durante o programa Fantástico exibiu-o para milhões de brasileiros.

Aquele personagem vivia rodeado de crianças. Teve várias bicicletas e com prazer ele as emprestava para elas, de preferência para as meninas. Ao vê-lo surgia na mente imagens de ferramentas espalhadas, parafusos, estopa, graxa e tudo o mais pertinente ao que ele transmitia devido à profissão que ele exercia. Sendo o rei do desprendimento ele nunca usou coroa. Usou o que muito o caracterizou: Um bonezinho encardido de graxa. Bonezinho encardido? Então logo se lembra que o personagem só podia ser mesmo o muito conhecido Maquináia de Caieiras. Ele que era famoso sereno e tranquilo e parecia que nunca se alterava. Nunca alguém o viu quebrando as lâmpadas dos postes com estilingada e nem dando pontapés num cachorro faminto e abandonado.

Numa ocasião os representantes do povo de Caieiras se envolveram numa acalorada discussão para denominar uma rua com o nome dele para que ele fosse sempre lembrado depois que se fosse desta terra. Mas, estiveram divididos porque alguns preferiam escrever na placa da rua o apelido Maquináia ao invés do nome próprio dele, Orlando Lopes. Por acaso presente naquele dia, o conhecido Calónico perdeu a paciência, interrompeu aquela reunião e gritou: PAREM! VOCÊS NÃO SABEM NADA. PODE POR APELIDO EM NOME DE RUA, SIM.

Já tivemos máquina ficha (fixa), cortamos calipe (eucalipto) no calipiá, andamos de paragata, nadamos em tancão e até na Ponte Seca, já moramos na Curva e no Barreiro, passamos com a maquininha no corte grande. Já joguei vinte e um no Morro do Cabelo Branco e no Morro do Espia Fogo, Já comemos palmito do Morro do Tico-tico e fazemos papel na Cerâmica. VÁ, VÁ, VÁ, ENTÃO QUAL É O “POBREMA”? Apelido pode sim! Depois disso a resolução sobre o nome da rua foi RUA MAQUINÁIA ORLANDO LOPES. Numa ocasião perguntei pro Maquináia qual de fato tinha sido aquela que na vida ele mais gostou. Ele me disse o nome dela. Daquela que foi embora de Caieiras e foi morar em outro país e nunca mais voltou.

E assim o Jornal “A semana” de Caieiras divulgou para os seus leitores, embora brincalhona, esta crônica sobre o Maquináia, que, saudoso sempre será lembrado. Senhoras e senhores das famílias Calónico, Olímpio, Pansutti, Parizotto, Rosolem, Barichello, Assoni, Teixeira, Bertaglia, Boscheto, Bimbatti, Camargo, Bertolo, Botoni, Casarotto, Cardoso, Della Betta, Decresci, Cunha, Cecatto, Carezato, Bayerlein, Maziviero, Massaia, Moino, Minuqui, Leme, Navarro, Fava, Fetka, Faberlow, Prando, Marquesini, Meneghini, Pavan, Molinari, Nanni, Nicola, Pastro, Polon, Schiavo, Perin, Ricciarelli, Zovaro, Polato, Pereira, Valbuza, Lisa, Guilharducci, Satrapa, Fávero, Fernandes, Gabrielli, Gardin, Crema, Berti, Massineli, Mandri, Baboin, Coradini, Rachel, Caldo, Constantini, Toigo, Crispim, Turbuk, Degasperi, Bonini, Pelizari, Furlaneto, Alves, Soares, De Grande, Barbosa, Silveira, Rodrigues Gil, Sanches, Silva, Mantovani, Pereira, Del Porto, Sávio, Barnabé, Ciríaco, Polkorne, Santana, Moraes, Moceline e tantos outros que a memória não traz a tona.

A todos, até algum dia quando um novo Maquináia nos reunir novamente.

Altino Olimpio e Edson Navarro

Comentários:

Nessa época, parece que foi ontem CAIEIRAS, era uma cidadezinha dormitório, não existiam aglomerações de habitantes, para que se tenha uma ideia, o BAIRRO DO MORRO GRANDE era quase inóspito. Era, hoje existem residências de bom padrão, mais pra frente fica os ALPES DE CAIEIRAS. Onde era o "Pinheirinho", virou NOVA CAIEIRAS, o MORRO DO CABELO BRANCO, virou ponto turístico, a estradinha pelo Morro que vai até o hospital do JUQUERI, é um bairro amplamente habitado, antes só tinha mato. O MONJOLINHO, torna-se um cartão de visita de CAIEIRAS, da extinta CIA. MELHORAMENTOS. A igreja NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, fica hoje na saudade dos idosos como eu. O "SERPA", tem vários bairros, e todas as ruas são íngremes, aliás meu filho reside lá. O tempo passou, e segue célere e todos passamos com o tempo.

Oswaldo J. Della Betta