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16/07/1982
Ed. 71 - Névio Dártora e Gino Dártora: “Pare com essa política suja!”

Entre surpreso e contrariado, o vereador Névio Luis Aranha Dártora, presidente da Câmara de Caieiras, comentou, na última quarta-feira, as declarações de seu tio, Gino Dártora, em seu discurso por ocasião da visita de Reynaldo de Barros a Caieiras, na semana passada.

Para Névio, a surpresa ficou por conta da entonação do discurso de seu tio, para quem os candidatos do PMDB à prefeitura de Caieiras, por uma ou outra razão, simplesmente “não servem”.
Segundo o presidente da Câmara, logo após sua renúncia à prefeitura, seu tio Gino Dártora procurou o candidato Nelson Fiore e propôs a ele que fosse o candidato por ele indicado à prefeitura, pelo PDS. “Tanto isso é verdade – conta Névio – que o Gino dispensou o Dr. Milton da prefeitura, pensando que o Nelson aceitaria. Como o Nelson não aceitou, ele deixou de prestar para o Gino. Agora o Gino diz que ele só entende de exame de fezes”.

Outra surpresa para Névio foi, segundo ele próprio, a falta de respeito com que seu tio Gino se referiu a sua mãe, Dona Martha, candidata a prefeito pelo PMDB. “O Gino diz que minha mãe deve ficar em casa, cuidando dos netos. Mas e a minha tia, dona Ruth, mulher dele, que é vereadora, por que não fica cuidando dos netinhos também?”

Mas, para explicar melhor sua surpresa, Névio relata um episódio insólito: “Logo após renunciar, Gino esteve em minha casa, depois de dez anos que não me visitava. Ele entrou sem sequer bater na porta, e veio me propor que minha mãe ou o Lourides fosse o seu candidato à prefeitura, pois ele disse que não confiava nem no Jorge Araújo, nem no Doutor Milton e nem no Pedro Siqueira. Ele dizia que esse pessoal já o traiu uma vez, e que ele queria colocar na prefeitura alguém da família. Eu disse a ele que isso era impossível, pois nem minha mãe nem Lourides trocariam o PMDB pelo PDS. Como, agora, ele vem dizer que minha mãe deve ficar cuidando dos netos e não entrar na política?”

“Meu tio Gino sempre quis ser vedete”
Para Névio, os pronunciamentos do tio só têm uma explicação: Gino está desesperado porque não conseguiu unir a família Dártora em torno do seu nome. Agora, o tio está simplesmente tentando denegrir a imagem dos Dártora que estão na oposição. Mas ele – Névio – explica que está na oposição devido à péssima administração de seu tio frente à prefeitura. “Se a administração dele tivesse sido boa – conta Névio – eu estaria hoje ao seu lado”.

O presidente da Câmara diz ainda que Gino não deverá se eleger deputado estadual. “Em primeiro lugar – afirma – porque ele não conseguiu se eleger pelo MDB em 1974, quando era mais fácil. Em segundo, porque a nossa família está hoje bem dividida, e isso vai lhe fazer muita falta. Em terceiro, porque meu tio não tem apoio dos prefeitos da região, pois ele sempre quis ser a vedete, sem considerar os colegas de partido e de prefeitura”, concluiu, irritado.

E Névio, como que dando um ultimato, avisa ao tio: “Não tenho nada contra o PDS. Meu problema é com meu tio Gino, e eu o aviso para que não continue com essa política suja. Não esqueça que eu também sou um Dártora, e aprendi política com você”.

Jornal A Semana