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10/09/1982
Ed. 79 - Afinal: Onde está o dinheiro da igreja?

Foi com profundo pesar que li na coluna “OLHO VIVO” as declarações do “nobre vereador” Assis Crema. O Sr. Assis procurou desviar as atenções que recaiam sobre o candidato a prefeito de seu partido, e de uma forma mentirosa, pois o dinheiro arrecadado na última festividade, foi depositado nas cadernetas de poupança no dia 1º de julho de 1982, nos bancos BRADESCO e BANDEIRANTES. Foram depositados em cada Agência a importância de Cr$1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros), ou seja, Cr$2.000.000,00 (dois milhões) rendendo juros.

O restante do dinheiro, conforme balancete, foi dado ao pároco Padre José, em cheque em branco, para que o mesmo sacasse da conta corrente aberta no BRADESCO, em nome do tesoureiro e do presidente da Comissão de festejos, agindo assim, a conta ficaria automaticamente fechada.

O que o nobre vereador não sabe, é que o total arrecadado poderia ser maior, pois quando da primeira reunião com os festeiros, eu, Pedro Siqueira, presidente da Comissão de festejos, propus que o carro da marca “Voyage” fosse imediatamente comprado, ou seja, em março, para isso indagou o padre José, presente à reunião, a possibilidade de utilizar o dinheiro em caixa da Igreja, pois assim evitaria os possíveis aumentos do carro. Para sua surpresa, o padre lhe disse que não havia dinheiro em caixa, pois o mesmo havia sido emprestado ao Bispo de Bragança.

Como não houve a possibilidade da compra imediata (o valor na época era de Cr$1.045.000,00), comprou-se o “Voyage” no mês de maio, no valor de Cr$1.350.000,00 havendo assim, uma defasagem de Cr$305.000,00.

Outro detalhe desconhecido pelo nobre edil, é que fui procurado diversas vezes pelo gerente do BANDEIRANTES, para que toda a quantia arrecadada fosse depositada no banco BANDEIRANTES, pois o dinheiro da festividade de 1981 havia sido sacado, portanto, o único dinheiro existente no BANDEIRANTES é da festividade de 1982.

O Sr. Assis também desconhece que foi proposto aos festeiros um prêmio de Cr$15.000,00 a quem mais vendesse talões e igual quantia a quem vendesse o primeiro prêmio, pois assim estimularíamos as vendas. O Sr. Sabe quem vendeu mais? Pois vou lhe dizer. Não deveria, mas vou: fui eu, vendi 420 talões, e o segundo colocado vendeu 190 talões. Sabe o que fiz com o prêmio? Deixei para a igreja. O que o nobre edil não sabe, é que desses 420 talões, eu comprei 220, num total de Cr$220.000,00 (duzentos e vinte mi cruzeiros) para a Igreja agora, duvido que o senhor Assis Crema tenha comprado cinco (5) talões, e se comprou, eu pago Cr$100.000,00 por cada um dos talões comprados.

Sr. Assis, eu deveria processá-lo por calúnia e difamação, mas deixarei de lado, pois tenho certeza que o povo caieirense lhe dará a resposta nas urnas. Essa será a minha resposta à tamanha safadeza de sua parte.

Quero aproveitar e tornar a agradecer aos festeiros que comigo colaboraram e pedir desculpas aos mesmos por tornar público uma questão restrita à Igreja, mas foi necessário, já que tentaram denegrir a minha imagem no aspecto moral, e eu não podia ficar calado, pois como diz o ditado: “Quem cala, consente”, e sem demagogia, a minha condição moral e financeira não permite usar o dinheiro da Igreja, ou seja, do povo para benefícios próprios. PEDRO SIQUEIRA

Jornal A Semana