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02/03/2009
Saudades do CRM e da Rosana

Amigo Altino,
Saudações!
Estou envolvido com o carnaval e com pouco tempo para entrar na Net. Mas o pouco tempo que tenho me permite ler, com muita atenção e carinho, todas as suas crônicas que você tem enviado e são para mim como um bálsamo para a muito especial. Nessa, em especial, voltei àquele pátio do Clube Recreativo Melhoramentos quando, em pleno domingo e no esplendor da minha infância eu ficava aguardando a chegada daquelas caravanas de ônibus que traziam a delegação do time de futebol visitante.

Ansiava saber quantos ônibus chegavam. Um, dois, me causavam frustração, pois sabia que os visitantes eram apenas os times de futebol. Quatro, cinco, seis, davam a imagem da festa que teríamos naquele domingo. Eu era só alegria e parecia que estava recebendo os convidados para a grande festa dominical. Nessas festas, foi inevitável conhecer, exatamente como você descreve uma pessoa especial.

Seu nome era Rosana e viera com a comitiva da Vila Maria, São Paulo. Aquele domingo foi maravilhoso! Ficaram as trocas de endereços, do adeus pela janela do ônibus e da marca que deixou gravada na alma. Recebi, tempos depois, uma carta onde ela expunha toda a saudade que sentia de mim. Mantivemos contato por mais algum tempo, mas diante da dificuldade de um novo encontro, acabou, assim como começou.

"Naqueles tempos o futuro parecia estar tão longe. Agora nele, tão longe parece mesmo ter ficado o passado" (lindo isso!). Hoje voltaram essas lembranças. Gostosas lembranças! Obrigado por você despertá-las.
Um grande abraço pra você de
Nascido em Caieiras

Obs: O rapaz é conhecido e por motivos justificáveis preferiu se manter oculto. Esta mensagem dele se refere à crônica “Piquenique e a saudade deles” que está inclusa na relação das histórias antigas na coluna “Caieiras Antiga” deste jornal.

Resposta
Pois é amigo “Nascido em Caieiras, acredite ou não, enquanto estive esboçando essa história do pic-nic você vez ou outra aparecia na minha cabeça, até parecia que queria escrever por mim, o que, me agradaria. Você sabe que não devo esticar muito essas histórias porque a preguiça de ler mais ou menos já é epidemia.

Poderia ir mais fundo dando mais detalhes. Naqueles pic-nics como ansiávamos por encontrar as nossas "Rosanas" e as emoções até pareciam fisicamente sentidas em nosso peito. Época romântica que não volta mais.

Aos poucos coisas boas foram sumindo, então, ficamos com as de nossas recordações.
Aposto que você deve estar se perguntando: como estará a Rosana, onde e com quem estará? O pic-nic foi bom, mas a separação é que foi tão triste, sonhei com meu amor naquela estação e numa carta ela voltou a se declarar... “Há um ditado que existe e ninguém há de querer mudar, em toda vida existiu um pic-nic que lembrar faz chorar”. Desculpe o plágio sobre esta música cantada pelo Wanderley Cardoso. Fica triste não, vá lá à gangorra ou no balanço, tome um copo de água com groselha no bar e aguarde a chegada de outro pic-nic.

Lá do campo de bocha você terá uma boa visão para contar a quantidade dos ônibus. A Rosana sairá de um deles olhando por todos os lados querendo te reencontrar. Você pulará de alegria e gritará: AQUI, AQUI ROSANA! ESTOU AQUI, EU NÃO TE ESQUECI. Este diamante negro é pra você, foi um dos primeiros chocolates que apareceu no bar daqui do clube.

Depois da tua carta dizendo que estava com saudades passei horas e horas na sombra do velho abacateiro do armazém do Bairro da Fábrica onde moro envolvido por muita tristeza da tua ausência. As vezes me encostava num tronco do pau-de-amarrá-égua e ficava imaginando que você tinha vindo com a maquininha e estava correndo aos meus braços. Sonhava também estar dançando num carnaval com as serpentinas coloridas enroladas em você e confetes grudados no suor do seu rosto. Hei, Nascido em Caieiras, acorde! Pare de sonhar, trabalha não?

Um abraço de
Altino


Altino Olympio