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27/05/2009
Dor alemã

No Bairro da Fábrica, no laboratório da Indústria Melhoramentos de Papel que era denominado Seção Verificação, no início da parte da tarde de um dia de trabalho como outro qualquer do final da década de cinquenta do século passado, ainda é lembrada a irritação de um dos funcionários daquele local. Enquanto ele e outros se encontravam no Bairro da Cerâmica aguardando a partida da maquininha (trenzinho) que os levaria de volta ao Bairro da Fábrica para o trabalho da parte da tarde, um jovem passando de bicicleta pelo local em alta voz falou-lhe: Hei “fiote” de elefante! Para muitos essa brincadeira foi engraçada. De fato, aquele funcionário do laboratório era bem gordo e esteve irritado diante da ousadia do jovem que o deixara constrangido diante de outras pessoas conhecidas suas. O ousado era um alemãozinho de nome Joaquim e filho do conhecido Sr. Galker, este, também funcionário da indústria. Contudo, o Joaquim, era um rapaz muito simpático. Espontâneo e alegre como era, ele conquistava muitas amizades. Que alegria devia ser para seu pai, sua mãe e para sua bonita irmã. Talvez com idade não mais de dezoito anos, o Joaquim enamorou-se de uma jovem desconhecida no lugar, ocasionando assim uma mudança em seu temperamento. Numa conversa, já transtornado ele insistia em queixar-se. Ela o estava fazendo sofrer e sendo-lhe uma obsessão pelo tanto amor que nutria por ela. Depois dessa conversa, o tempo transcorreu até quando num dia lá no laboratório e na parte da manhã, uma triste notícia abalou a todos os presentes: Paulo Sprenger, Andréa Leonardi, Antonio Mazivieiro, Egidio Zanon, Waldomiro Boscheto (Zipo), Vlademir Valbuza (Bibe), Dárcio Lisa, Maurício Gomes (Dumbo), Doralício Gonçalves Pereira, Valdir Botoni, Altino Olimpio, Hugo Pereira da Silva, Odair Rodrigues Gil (Jardim), Pedro Lisa (Sapo), Manuel Machado (Português) e o “chefe” Henrich Dick. Emocionou a todos a notícia que o Joaquim se suicidara. Havia ingerido o veneno chamado formicida. Muita dor deve ter suportado antes de morrer. Lamentável o sofrimento de seus pais e irmã. O alemãozinho extrovertido, brincalhão, o filho alegria daquela família alemã se fez ausência. Para quem conheceu o Joaquim, a memória pode recompor sua imagem sorridente pedalando a bicicleta e acompanhando a maquininha com seus três vagões de passageiros.


Altino Olympio