Versão para impressão

16/05/2011
Rua dos Coqueiros

Os remanescentes da antiga Caieiras enalteceram muito uma rua local. Sim, a Rua dos Coqueiros. Não era rua para as pessoas. Sendo dos coqueiros, eles é que eram os transeuntes, iam pra cá, pra lá e, quando parados em fila eram mictórios para os cachorros da vizinhança. Parece que para cada cachorro havia um coqueiro. Cada um sabia qual era o seu ao sentir pelo faro seu próprio aroma urinal canino. Também, os cachorros tinham o costume de um cheirar outro por trás, apenas para coçar o nariz ou, talvez, para saber se um tinha roubado do outro, coquinhos para comer. Infelizmente nossa história não registrou se os homens também tinham esse hábito. A rua com coqueiros tendo início na Igreja N. S. do Rosário terminava num cemitério antigo onde foram enterradas pessoas mortas. Os coqueiros tinham várias serventias como, por exemplo: A Marlene Sálvio (Rainha do Semáforo) moradora dessa rua, dobrando parcialmente os joelhos para se mover para cima e para baixo, sempre coçava as costas num coqueiro ao se esfregar nele. Ao lado de uma das fileiras de coqueiros, (havia uma de cada lado da rua) existiam os trilhos da maquininha, trenzinho este, cujos vagões eram abertos dos lados. Projetados assim para dispersar logo algum odor inesperado entre os passageiros. Nas casas de um dos lados por onde passava a maquininha, seus moradores, existentes naquele passado quando, por ser mais lento, o tempo não parecia passar e aquelas pessoas não tendo o que fazer, ao invés de ficarem coçando o saco, mesmo as não o tendo, elas ficavam debruçadas nas janelas para ver quem estava entre os passageiros para depois comentar. Por sua vez, quase todos que passavam com a maquininha olhavam para as casas para saber quem estava na janela. Algum namoro e posterior casamento começaram assim. Lá quase tudo desapareceu menos as fileiras de coqueiros, talvez, não tendo nenhum que pereceu. Assim foi esta breve história de uma rua que por testemunha hoje só tem a lua. Coqueiros, coqueiros enfileirados serviram de atração para muitos e agora se encontram isolados. Serviram de moldura para a maquininha ao passar, para as casas daquele viver simples e hospitaleiro onde o nome era a Rua dos Coqueiros.