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18/05/2011
Coqueiros das recordações

Excelente nesta coluna do jornal a crônica “Rua dos Coqueiros”!
Eu morei lá e lá conheci tantas meninas bonitas!
Casei-me quando ainda morava na Rua do Barreiro, em frente à casa do Paulon, pai de uma linda menina.
Meus pais pegaram algumas pequenas enchentes neste local, que acabaram incomodando-os. E se mudaram para a Rua dos Coqueiros, bem ao lado da antiga Farmácia. Logo depois de mudar para lá acabaram pegando a grande enchente de Caieiras. Muita água! Naquele ano as jabuticabeiras do quintal lotaram de frutas.
Os coqueiros assistiram a tudo isso! E quantas outras coisas mais viram ao longo dessa longa e singela história dos melhoramentinos. Viram o trenzinho, citado na crônica repleto de funcionários e moradores que se deslocavam da Fábrica para Caieiras e vice-versa, até o seu desaparecimento. Viram os pau-de-araras, e depois os ônibus do Selleguin. Viram o Maquináia desfilando com sua inseparável bicicleta. Viram os caminhões carregados de aparas de papel, de madeira, de lixívia que era esparramada nas ruas poerentas daquele lugar. Viram as peruas da Melhoramentos com seus motoristas alinhados levando os chefes de seção para cima e para baixo. Viram também as traquinagens ou pueris brincadeiras da molecada, soltando papagaios, muitos dos quais acabavam enroscando e morrendo em seus galhos. Viram alguns casais adentrarem aquelas matas que circundavam o cemitério inativo sabe lá para que. Viram pessoas apaixonadas sangrarem seu caule, desenhando corações transpassados por uma flecha, com seus nomes, e que, em muitos casos, a união não acabou vingando.
Viram os ônibus de excursão trazendo as torcidas e os times para jogar contra os times do CRM, União ou Brasil FC, alegrando o final de semana daquela gente, muito mais daqueles que conseguiam, assim como eu, descobrir uma curta paixão em meio aos visitantes. Viram tanta gente se dirigindo para os grandes bailes realizados nos clubes, especialmente os bailes no salão Nobrinho.
Pois é, os coqueiros foram testemunhas presenciais de tudo isso e muito mais. Com sua cumplicidade, ainda guardam todos esses segredos no silêncio do seu imo e na altivez de suas copas.
Um dia perecerão, assim como tudo e todos! Nada mais restará e tudo acabará no esquecimento.

Oswaldo Correa Miranda