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Noite de ouro em Jarinu

Noite de ouro

A amiga Darcy Vilafranca (saudosa) me intermediou um passeio com umas amigas de Caieiras. Com elas no sábado dia trinta de maio de mil novecentos e noventa e dois estive a caminho de Jarinu para participar de um baile na roça. Tijuco Preto, um Bairro de Jarinu se situa entre sítios e chácaras e o local do baile era difícil de localizar principalmente à noite. Para facilitar a localização, o organizador do evento, conhecido como Galo Marim, ele assinalou o trajeto envolvendo o alto dos postes das ruas com um plástico. Absorto imaginei-me olhando para cima vendo o Galo Marim, aquele barbudo trepado num dos postes naquela tarefa de orientar os boêmios perdidos. A pressa ao chegar interrompeu a imaginação, porque, com sede lá no salão teria um “rabo de galo” mais apreciável. Lá chegando prontamente me senti descontraído naquele ambiente acolhedor, recepcionado que fui pelos tijucopretoenses. Já havia muita gente de Caieiras, Perus e Franco da Rocha, algum dos quais há mais de trinta anos não os via. Enquanto para mim as amigas providenciavam um lugar numa mesa junto a elas, já havia tomado todas as que eu tinha direito e de graça. Embora sem nada pagar, graças às minhas amigas, fiquei sabendo ser barato o aluguel das mesas e incluso ao preço estava um saboroso frango a pururuca. Grátis eram as batidas de maracujá e pinga pura de alambique do local. Logo também cai na dança com os demais que dançavam e ao mesmo tempo cantavam músicas sertanejas conhecidas. Os caieirenses do Bairro de Perus, aqueles maricas nada me informaram sobre o baile. Casadinhos deviam ter medo de viúvo como eu era e ser-lhes um concorrente. Precisando me livrar dos excessos ingeridos corri para o outro lado do salão e deparei-me com a parede da igreja. Volvi-me, observei o baile com aquele pessoal alegre e pensei “não seria aquilo a verdadeira religião?” Retornei a tempo de ouvir a Rosinha Pasin anunciando sua candidatura para vereadora de Caieiras. Afinal, os políticos estavam mesmo precisando das “receitas” dela. Atento a tudo discorro agora sobre algumas particularidades amigas: Luci Gardim, por que você abandonou o tancão onde nadava? Filha de suas entranhas e amada por suas mornas águas, relutantes, os respingos evaporavam quando na jangada o sol te acariciava e lá você nunca mais voltou. Nina do Tetê, o Bairro de Serpa foi azulado pelos teus olhos e não te conhecia quando você era de lá. Marina da Cidade de Santos esteve triste nas suas lembranças, mas, algum dia estarei na tua cidade para que você abuse deste meu ombro para se desabafar. Nilce Colamego éramos velhos amigos e não sabíamos. Tua filha Leslie, mamãe também, quanta beleza interior ela transmitiu. Irene Gomes, cunhada do Paquito (saudoso) também devo a ti as emoções da noite. Apesar de conhecidos há tantos anos nunca havíamos conversado. Nossa alegria nessas ocasiões de confraternização é fácil de entender. Pássaros feridos que somos nos demovemos das mágoas de nossas existências e com sentimento nos entrelaçamos num relacionamento anímico. A Alice Rodrigues Pasin também esteve no baile com a Valéria do Peroba. Depois desse inesquecível baile revi muitas e muitas vezes a Alice e valeu à pena (risos).
“Eu passo a vida recordando os meus primeiros madrigais. Tijuco Preto, Tijuco preto por onde jarinuei e tantos amigos reencontrei...”

                                                                                             Altino Olympio