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11/06/05
Mais um estudo mostra riscos de antiinflamatórios

Pesquisa britânica com 9 mil pacientes mostra chance de 20% a 50% de desenvolvimento de doenças cardíacas

O consumo de antiinflamatórios chamados não-esteróides (aqueles que não são derivados da cortisona), usados por milhões de pessoas que sofrem de artrite (inflamação de articulações), aumenta em 20% a 50% o risco de doenças cardíacas. A conclusão é de um estudo publicado no British Medical Journal . O ibuprofeno, chamado de antiinflamatório da antiga geração (aquele que inibe tanto a enzima COX1 como a COX2), é um deles. Segundo o clínico-geral e infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a enzima COX1 tem muitas ações benéficas para o corpo, como regular o rim, o estômago e os glóbulos brancos, por exemplo. "Esse tipo de remédio é, portanto, classificado de antiga geração porque pode prejudicar a boa ação da COX1, provocando no paciente gastrite ou insuficiência renal", diz Olzon. "Mas os dois tipos de antiinflamatórios têm contra indicações para o coração se tiverem uso prolongado". O estudo, feito mais com de 9 mil pacientes na Grã-Bretanha acabou mostrando que antiinflamatórios comuns, alguns comprados até sem receita médica, aumentam os riscos de desenvolver doenças cardíacas. O trabalho realizado pela Universidade de Nottingham, avaliou também pessoas que consomem outros remédios da chamada classe não-esteróides com regularidade, com o objetivo de tratar dores decorrentes da artrite. Além do ibuprofeno, essa classe de remédios inclui os antiinflamatórios de ultima geração, inibidores da enzima COX2. O estudo detectou aumento no risco de doenças cardíacas entre os usuários desses remédios inibidores da COX2 (Viox e Celebra, por exemplo). As pesquisadoras Julia Hippisley-Cox e Carol Coupland usaram o banco de dados do serviço público de saúde britânico. Com ele, foi possível localizar pacientes que sofreram o primeiro ataque cardíaco durante o período de quatro anos. Depois, elas avaliaram que tipos de medicamentos esses pacientes estavam ingerindo. Informações como alimentação, consumo de cigarro e obesidade - fatores de risco para o coração - foram levados em consideração. Os pesquisadores recomendam que os médicos não receitem esses remédios para pacientes com propensão a problemas cardíacos. "Ainda é cedo para outras recomendações", diz Peter Weissberg, da Fundação Britânica para o Coração'.

O Estado de São Paulo