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07/11/05
Fugir do Comum

Dia três de novembro de dois mil e quatro, por volta das treze horas, estando no trem ainda entre o trajeto da Estação de Perus e Estação do Jaraguá, não querendo distrair-me com os estímulos visuais e sonoros derivados das pessoas ao derredor, fechei os olhos e concentrei-me no interior da cabeça.
Sabendo que as percepções ou sensações sempre nos mantém no presente e os pensamentos sempre nos leva ao passado, permaneci nos sentimentos, atento a consciência de mim mesmo.
De súbito, fui envolvido por impressões incomuns.
Consciência, como que, sendo pensamentos distraídos, sempre ela está ativa.
Estímulos exteriores e a memória, sempre estão a atrair a atenção sobre o nosso “si mesmo”.
Envoltos em pensamentos, esquecemo-nos de nós mesmos.
“Entendidos”sobre isso, disseram que, para vivermos integrados com o mundo de fora de nós, por mais vezes precisamos mantermo-nos conscientes de nós mesmos, mantermos nossa individualidade consciente de si mesma, independente de estarmos também, conscientes de tudo que nos cerca.
Consciência, mesmo sendo difusa em pensamentos, mesmo sendo responsiva a quaisquer estímulos, sempre ativa, sempre presente, sendo assim será que sempre é necessária?
Daria para se transformar consciência em sem consciência?
Sim, enquanto estamos dormindo!
Não, quando estamos acordados!
Digamos que a consciência se perde em pensamentos, daí, temos alegrias e sofrimentos.
Cada um é um mundo particular!
Tudo que mentalmente absorvemos, conceituamos, acumulamos, sendo nosso condicionamento, é o nosso “eu” mundo com que temos que conviver.
Mesmo inconsciente, seja interno ou externo, qualquer estimulo desarquiva da memória, fatos relacionados ou parecidos com ele. Isso, a memória transfere para o pensamento que, revive ou repensa, um fato, com prazer ou desprazer, alegria ou tristeza, ou indiferença, conforme tenha sido tal fato do passado.
Insistir, fixar-se em recordações é o mesmo que, dormir acordado no freio da evolução.
A preocupação com o viver de outros, alimentar-se com noticias sobre eles, é favorecer momentos evasivos, desperdiçados.
Voltando a nossa consciência... aquela pergunta “daria para se mudar consciência para não consciência”?
Isso já foi respondido! Mas, poderíamos manipulá-la? Talvez, se consciência seja aquilo que “pensa” os pensamentos.
Entretanto, pode-se interferir na recusa, troca ou escolha de pensamentos. Pensar o que quer estagnando o fluxo de pensamentos que vem como quer.
Separando aqueles que diariamente se utilizam do raciocínio para exercerem suas incumbências, no cotidiano, muito mais, temos momentos que não requerem circunspecção para o juízo da consciência.
Nesses tais momentos, se se pudesse estancar a consciência como fluxo de pensamentos, tudo que restaria seria... ... paz!
Paz como ponto de partida para sendo-se nada, sentir-se no tudo da imensidão sem identificação.
Eu e o pai somos um!
E assim, no existir do trem daquele dia, alheio entre vozerio, ruídos e movimentos, impressões brotaram forçando a formalizar neste escrito.

Altino Olímpio