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13/12/05
Ficção Elefantina

--Amado mestre! Imaginei uma simbologia comparativa com a nossa existência.
--Estou curioso para saber, fala-me dela.
--Mestre? Se alguns bichinhos minúsculos nasceram, multiplicaram-se e vivem no dorso de um elefante, exagerando na imaginação, vamos supor que eles tenham algum raciocínio.
Suas “consciências” restritas apenas ao mundo em que vivem (o dorso do elefante) eles não conseguem abarcar ou entender as manifestações da natureza, distante ou mesmo ao redor do elefante. Como no princípio aconteceram com os homens, também eles, inventaram seus deuses como, Deus Sol, Deus Trovão e etc.
Com o tempo, uma minoria de bichinhos pensadores, decidiu que só havia um Deus que dominava sobre eles e sobre o mundo em que viviam.
Mas, era um Deus com qualidades parecidas com a deles, como o Deus dos homens, que, tinha qualidades humanas, pois era vingativo, fazia pactos e era seletivo, isto é, escolheu uma raça como Sua preferida para dominar sobre todas as outras raças.
O mundo todo dos bichinhos (o dorso ou superfície do elefante) foi dividido em países e eles foram diferenciados como raças, devido ao local de seus nascimentos.
Nesse mundo todo, separados entre fronteiras, diariamente, os bichinhos transladam-se para seus locais de culto ao Deus de suas devoções.
--Discípulo! Onde você quer chegar?
--Já estou terminando mestre! Então, analisando meu imaginado mundo dos bichinhos, é-lhes incoerente inventarem um Deus, existente além dos limites do elefante em que vivem.
Constituido apenas para viverem no dorso do elefante, tudo o que à ele acontece, afeta-os também. Se o elefante morrer, eles morrem também. Não seria mais coerente dizer que o Deus dos bichinhos seria o elefante?
--É discípulo, sua simbologia sendo conforme você narrou, só posso concordar. Mas, onde isso nos leva?
--Sabe mestre, esse imaginado mundo dos bichinhos, não tem semelhança com o mundo dos homens? Nós vivemos no dorso, ou melhor, na crosta da terra, cultuamos um Deus único... ... como os bichinhos... ... será que o nosso Deus não seria... ...
--CHEGA! PARE DISCÍPULO! ISSO SÃO BLASFÊMIAS! Como castigo você vai jejuar durante três dias.
--Mas mestre, é só uma simbologia!
--Mas, é muito infeliz, inoportuna, incoveniente! Comparar bichinhos com seres humanos, mundo dos bichinhos... que loucura, que loucura.
 
Sobre Ficção Elefantina.

Não achei basflêmia a comparação utilizada. Achei até que interessante e divertida.
Realmente achar que a Terra seja uma divindade não ultraja de forma alguma a figura humanizada que as religiões criaram em torno de Deus.
Na mitologia grega todos os fenômenos da natureza eram considerados " Deuses".
Existia o Deus dos Mares, dos Ventos, da Terra ,da Fecundidade, etc.
Os indios por sua vez sempre fizeram a mesma coisa e para eles sempre existiu :  o Deus do Fogo, das Águas, dos Trovões.
Estas divindades mitológicas e indígenas sempre foram veneradas, respeitadas, temidas e abençoadas pois faziam parte do universo, eram importantes à vida de todos os seres e significavam a força, o poder da natureza e importantes à sobrevivência.
Hoje os homens, idolatram imagens e símbolos mas, desrespeitam e destroem  a natureza.
Sem a natureza saudável nenhum ser se manterá vivo  na Terra.
Se Deus  ou a Força Criadora elaborou  cuidadosamente  nossas águas,  matas,  ventos, o sol e a terra, porque não considerar tudos isto  também como divindidades?
Pensando assim sua crônica fictícia passa a ter um toque de verdade,o que nos leva a refletir como sempre!

abraços.

Fatima Chiati
 

 


Altino Olímpio