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08/02/2006
Amor

Sobre a atração amorosa entre um homem e uma mulher, Schopenhauer disse ser ela, uma armadilha preparada pela natureza para o manter e o multiplicar da espécie humana. O desejo sexual é o nosso instinto funcionando para atingir seu clímax. Nessa circunstância, homem e mulher cumprem o objetivo da natureza, a reprodução, a continuidade da espécie.
Na juventude, nós vivemos o amor sem preocupação sobre sua teoria ou sua origem. Nós só pensávamos em nos envolver com alguém e desfrutar de um amor para terminar em sexo.
Primeiro, uma simpatia especial surgia entre duas pessoas de sexos opostos. Depois a parte mental de ambos facilitava suas aproximações para ter início o namoro, para, culminar no casamento.
O profundo amor entre um homem e uma mulher, até pouco tempo atrás, era tido como obra do destino ou algo sobrenatural, transcendente para nossa compreensão. No século passado, cientistas em seus estudos e pesquisas de laboratório, levantaram a hipótese do amor ser um produto da “dança” dos hormônios. Hormônios são substâncias químicas liberadas na circulação do sangue. São secreções derivadas das glândulas endócrinas, pequenos órgãos produtores de hormônios. Basicamente, eles servem para quatro funções principais: reprodução, crescimento, produção, utilização e armazenamento de energia e manutenção das funções vitais como, pressão arterial, temperatura e etc. Nossos estados de espírito muito tem a ver com nossos hormônios. O sincronismo, a harmonia entre nossas glândulas resulta-nos em paz. Algum distúrbio entre elas provoca-nos mal-estar e outros estados desagradáveis, percebidos, mas, inexplicáveis.

Baseados nisso, no parecer daqueles cientistas, o ser humano é uma máquina. O que ele é, ele o é por causa de seu sistema vegetativo. Herança genética, glândulas e hormônios são os diretores de sua vida. Ditam suas necessidades e seus comportamentos. Mesmo a depressão, a ansiedade e o medo, têm base química.
O amor também teria uma base química como foi constatado nas outras emoções? No acreditar dos cientistas, os mensageiros que nos provocam sentimentos seriam os hormônios do cérebro. Isso desmistifica o amor, desacreditando-o como sobrenatural. Embora mais percebido como sentimento, o amor também teria origem na reação química dos hormônios.
Com o passar do tempo quando caem os níveis de testosterona no marido e caem os níveis de estrogênio na esposa, dizem, o casal até fica mais parecido. Em idade bem mais avançada, os níveis de hormônio mudam de novo. É quando a química corporal do homem e da mulher fica muito parecida, tornando-os mais compatíveis entre si. O companheirismo e a profunda amizade entre eles substituem a antiga paixão, o profundo amor que os uniu. Mais esporádicas, suas relações sexuais não lembram o “fogo” do amor do passado. O amor passa a ser a amizade e a consideração entre ambos, mantendo-os juntos.

Terão razão os cientistas ao considerarem o amor como sendo uma reação química? Quando nossas energias enfraquecem, o nosso amor carnal continua o mesmo? Mesmo sem amor carnal, o nosso amor por alguém é sempre o mesmo? Será que não o confundimos com uma profunda empatia nascida do se estar junto por muito tempo? Sendo mesmo o amor uma reação química e não uma escolha do nosso destino, isso seria uma decepção para nós? Antes o amor era um mistério e agora ao deixar de ser, isto o diminui? Sendo reação química, inventarão remédio para curá-lo quando necessário? Serão produzidas vacinas contra ou a favor do amor?
Deixemos estas perguntas para os cientistas. O amor deles é desvendar mistérios.


Altino Olímpio