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10/04/2006
Quem é o Tal não é o Tao

O taoísmo começou como filosofia na China entre o ano 206 antes de Cristo até o ano 200 depois Dele. O Tao, entendido como força cósmica é a energia universal que penetra em todas as coisas.
Seus antigos escritos são uma revolta contra a civilização. Os primeiros taoístas diziam que o ser humano é por natureza... Bom; as complexas exigências que lhe são feitas pela sociedade o tornaram egoísta e ganancioso. Os escritos falam do espírito de concorrência criado pela indústria e da avareza que essas atividades geram no ser humano. Declaram que a civilização provoca a inveja e a avareza e estimula a imoralidade.
Lao-tze é considerado o fundador do taoísmo. Dele, o livro Tao-Teh-King, que pode ser considerado como o evangelho do taoísmo, dizem, é o único remanescente de seus livros. O Tao-Teh-King foi considerado como um dos maiores livros do mundo, pela profundidade de seu conteúdo.

O taoísta censurava o materialismo e os interesses sensuais de seus dias, tanto quanto os moralistas de hoje. Para eles o luxo era uma extravagância, um desperdício de recursos humanos e naturais. Censuravam os líderes políticos por imporem pesados impostos ao povo e pela dissipação do erário público em inconseqüentes administrações. (Será que isso ainda existe?).
De acordo com seus anteriores pontos de vista, se o país está em desordem, isso indica que os dirigentes perderam o poder do Tao. Simplesmente, se o país está em situação caótica, isso indica que seus chefes perderam orientação interior do Tao, o contato com a sabedoria interior.
No livro Tao-Teh-King temos o seguinte: Deus, a Causa Eterna, Primária e Infinita do Qual todas as coisas celestiais e terrenas se originam, jamais pode ser definido ou nomeado. Quem quiser obter o conhecimento da natureza e atributos desconhecidos inomináveis de Deus, deve primeiro libertar-se dos desejos mundanos. Se disso é incapaz, não conquistará as condições espirituais, ocultas por detrás do véu material dos seus instintos.

É importante observar se de todos os nossos desejos, o mais preponderante na consciência, é o desejo da percepção do Absoluto. Se outros desejos forem da mesma forma preponderantes, então, jamais afastaremos a cortina da fronteira que separa o nosso mundo trivial e finito do mundo infinito com as insuperáveis experiências que alargam nossa consciência para a felicidade real da existência.
Pessoas existem, interessadas apenas na realização de seus desejos profanos ou mundanos. Principalmente aqueles que visam o agraciar do corpo ou aquele desejo de ocupar a mente com inutilidades desertas de reais valores. Aliás, são as mais populares. Iludidas, outras até seguem seus exemplos. Não percebem a falência de suas existências. Quase todos procuram riquezas! Porém, de todos os tesouros da existência, o maior é o contentamento de viver. Não há maior tragédia do que o descontentamento. Também não existe mal maior do que o aumento incessante dos desejos. O contentamento nasce na ausência de desejos. Esta situação é contraproducente com os desejos da sociedade, porque, ela sugestiona interesses com objetivos niveladores das massas, aqueles que provocam desejos insignificantes, substituidores daqueles que deveriam ser preponderantes. Sendo assim, poucos correspondem com a finalidade da plenitude do viver.
Outros se encontram sempre derivando prazer nas distrações dos divertimentos. Sendo habituais, ganham preponderância na consciência, em detrimento do que deveria ser preponderante: o desejo da autopercepção da integridade com o Tao, ou, com Grande Todo.

Refletindo sobre estas exposições do comportamento humano, conclui-se que a humanidade é um veneno sem antídoto para ele e para ela. Desde sempre existiu quem tentou mostrar, traçar alguma solução para seus males, mas, qual o que, vendo esta humanidade de hoje, ela piorou e muito no que se refere a sua evolução mental. Principalmente na consideração de humanos entre humanos. Percepção, integração com o Grande Todo, o Tao, transformou-se em utopia ou ficção. O que mais prevaleceu na sociedade destes dias tumultuados foram suas bestialidades difundidas, como, para a conveniência e conivência desmedida do povo. O instinto animal em primeiro lugar e as emoções, mais aquelas por causa das direções guiadas dos instintos. O homem tornou-se o mais poderoso inimigo do próprio planeta em que vive. Obteve o poder da destruição em massa, como, “sem querer” está sendo um câncer para o planeta. Todos os homens proeminentes do passado, todos os santos, profetas e filósofos foram tornados inúteis.
Perderam para a devassidão dos costumes e suas utilidades só são bem-vindas para satisfazer a nível intelectual, sem correspondência com a prática existencial. Os conhecimentos dos santos, profetas e filósofos do passado, mais servem para subsidiar a cobiça material de muitos “sinceros filósofos e religiosos” de hoje. Pouco do que “ensinam” são para si mesmos, visto que, continuam não sendo destacáveis como exemplo para serem seguidos. Aquela frase “faça o que eu falo, mas não o que eu faço” é bem pertinente à hipocrisia destes nossos dias.
Terminando, é difícil encontrar algum tal que seja seguidor do Tao.


Altino Olímpio