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27/04/2006
Falou está Falado - Parte 1

Já criticamos um autor (krishnamurti) por ele delongar demais em seus escritos repetindo-o em demasia, parecendo tratar seus leitores como crianças difíceis de entender um tema qualquer. Longe de depreciar suas argumentações válidas sobre os vários temas que ele escreveu, só estamos chamando a atenção para “o muito explicado” dos seus escritos. Contudo, devido à falta de concentração de muitos leitores (aquela de ir lendo e se esquecendo do que já se leu num mesmo livro e as partes esquecidas sendo integrantes para sua compreensão final) temos que aquiescer com o seu estilo simples e detalhado de narrar.
Nós, deste jornal eletrônico “A Semana” da cidade de Caieiras já ouvimos críticas construtivas sobre nossa maneira de escrever. Dizem que somos sucintos demais e nossos assuntos requerem maiores explicações, pois, os mesmos, às vezes não são habituais entre as pessoas e isso dificulta a compreensão deles. Agradecemos essas críticas construtivas, inclusive aquelas sobre palavras pouco usuais que possam confundir alguns leitores. Porém, acreditamos ser improcedente o atual costume de vulgarizar o nosso idioma para torná-lo mais compreensível para a maioria. Seria a nossa cumplicidade para mantê-la estática num nível inferior de assimilação. Quanto a sermos breves com os nossos temas, acreditamos ser de melhor proveito à variedade deles do que nos estendermos em poucos com eles exigindo maior tempo de leitura.

Causa algum espanto quando pessoas portadoras de diploma de “cursos superiores” demoram a entender uma frase de fácil compreensão como esta: “És senhor das palavras que não pronunciaste e escravo das que proferistes”. Seus sentidos auditivos podem estar desabituados com a pronúncia das palavras dessa frase. Por isso é comum pedirem para repeti-la e melhor se concentrarem nelas para poder entendê-las. Para pessoas com pouca instrução ou de pouca leitura, mesmo depois de várias vezes repetida à frase em questão, para muitas, ela não será entendida, por elas serem desprovidas de sinônimos com a mesma significação para confrontá-los com o que de “diferente” venham a ouvir.

Vamos repetir a frase e depois torná-la diferente mantendo a mesma significação: “És senhor das palavras que não pronunciaste e escravo das que proferistes”. Podemos verbalizá-la assim: Você é o dono das palavras que não falou, mas, é escravo daquelas que falou. Digamos que a primeira frase mais seja usada como conteúdo de um livro, pois, no mesmo, seu autor possa querer utilizar-se da prerrogativa de se dirigir a um público mais instruído. Na outra frase, escrita diferente e embora com o mesmo significado, sendo mais popular, seria ela para o nosso dia-a-dia com palavreado mais simples e comum. Entretanto, isso distingue o nível intelectual entre pessoas, colocando umas de um lado e outras do outro. Aquelas que entendem a frase primeiramente como foi escrita, entendem também quando ela é pronunciada com os recursos do linguajar comum que é acessível a todos. As outras só entendendo a frase quando ela é pronunciada ao nível popular comum, não a entendem quando ela é dita em outro nível com sinônimos que lhes são desconhecidos. A seguir, vamos discorrer sobre as conseqüências que o descuido do “lembrete” da frase pode causar.


Altino Olímpio