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25/07/2006
A Psique Humana – Parte 15

Chegando aos 50 ou mais anos de idade, um homem, se refletir sobre a vida, “descobre” que até então, viveu enganado, cheio de mentiras com que a sociedade inculcou nele. Numa retrospectiva de sua vida, se ainda lhe resta alguma coerência, pode então se indignar de tantas idiotices que por muito tempo esteve ocupando lugar em sua mente. Vai “descobrir” que a vida é uma anedota engraçada. Vai gargalhar de si mesmo e das pessoas que acreditaram e acreditam em coisas incríveis, impossíveis de serem realidades, mas, que, continuam sendo a paixão dos idiotas que acreditam em tudo o que ouvem, convenientes para se distraírem dos problemas de suas vidas. As imbecilidades humanas são muito engraçadas. Basta tomar conhecimento de todas elas para se cair em gargalhadas, quando, o certo seria chorar de tristeza, pela incapacidade que muitos têm de discernir sobre o que de fato seja útil para um viver mais produtivo e livre dessas tontices sem sustentação que povoam nas mentes infantis desses “adultos” metidos a entenderem um outro lado da existência, aquele lado inexistente existente há milhares de anos.

“Somos nós os que levantamos a poeira e depois nos queixamos dizendo que não podemos ver”. (George Berkeley, 1685 – 1753). É isso mesmo! Criamos tantas hipóteses, tantas teorias, ouvimos e acreditamos em tantas superstições vindas de tantas “autoridades” desse nosso mundo de só “levantar poeira” e ficamos sem poder ver a verdade que nos interessa. Por dentro da “poeira” só enxergamos o que interessa aos outros, aqueles mancomunados em nos manter na cegueira, para que não percebamos nosso viver aprisionado num psicológico sistema dominador. A fuga dele fica por conta do debater-se na poeira que levantamos onde uma “onipresença” sempre estará a nos proteger, nos salvar e sempre irá castigar os culpados pelo nosso sofrimento de sermos cegos opcionais.

Felizardo é aquele que, na idade avançada, consegue aceitar e refletir sobre os seus desencantos. Sorri de si mesmo e dos outros, que, ainda vivem nas suas mesmas ilusões. Muitos, mesmo no final de suas vidas, não conseguem se libertar das tantas mentiras que absorveram e morrem na esperança do que elas ainda possam fazer por eles no quando eles não forem mais eles. Aquela “onipresença” que se ausenta na presença dos crimes hediondos, ela é invocada na ausência deles, durante o pedido de passaportes para suas vítimas, necessários que são para o cruzar da fronteira que separa este mundo de um outro, acreditado por quem vive neste, só onde isso é possível acreditar. Mas, no outro mundo, será que se acredita que este existe? Talvez sim, porque, muitos dos daqui que já foram para lá, foram para aguardar o dia e a hora de retornar, para aqui se aperfeiçoarem até aprenderem a não mais levantar poeira. E assim, a psique humana é o maior espetáculo existente neste mundo. Seu poder imaginário é tão forte e produz delírios tão engraçados nos seres humanos, nas suas práticas e crenças loucas, que, faz gargalhar aqueles do não “levantar poeira” e que, melhor enxergam. Será aconselhável uma pessoa “madura” refletir sobre a existência? Sim, se gostar de dar risadas. Não, se for daquelas que ainda acreditam na seriedade humana.


Altino Olímpio