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08/08/2006
A Psique Humana – Parte 17

Diante do massacre “informativo” desta era, os habitantes deste planeta ficaram com a mente abalada. Nos mais participativos, mais viciados em receber opiniões e absorver informações, suas psiques acomodaram-se nelas, tornando-os leigos especialistas no assunto “o que faz bem ou mal para a saúde”. Muitos são dotados de “conhecimentos” tão variados que, ao comerem seus alimentos, seus pensamentos estão envenenados por preocupações sobre eles, pelas teorias do que eles possam causar de bom ou de mal para o funcionamento de seus corpos. Sempre recebemos notícias sobre algum alimento que produz milagre conservativo ou curativo no nosso organismo. Mesmo assim, cada vez mais temos notícias de pessoas adoentadas. A neurose destes tempos é controlar as taxas ou níveis de colesterol, triglicérides, glicemia, controlar a pressão arterial e etc. Todo mundo cobra de todo mundo se já fez algum tipo de exame e isso para muitos se tornou uma coqueluche. A indústria do medo está ai a todo vapor. Cadê aquele viver despreocupado de outrora? Sumiu no prazer de mais se falar em dores e doenças. Tais assuntos se tornaram rotina para muitos, principalmente para os mais velhos.

Nos meios de comunicação, sempre podemos ver um “conhecedor” aconselhando algum alimento ou medicamento miraculoso para, com o passar do tempo e em outra comunicação, vermos o mesmo alimento ou medicamento ser desacreditado como eficiente, até mesmo sendo nocivo para a saúde. Até então, muitos crédulos já “embarcaram” no que foram aconselhados, ou melhor, sugestionados e, já contribuíram com o lucro previsível do que consumiram. Antigamente, a medicina existia para curar as doenças. Agora nem tanto e, embora, não para todas as doenças, ela mais existe para administrá-las do que para curá-las. É comum um médico dizer: “este remédio é para ser tomado até o fim de sua vida”. (É, até quando a morte cura a doença que ele é incapaz de curar). A psique humana de qualquer um, pode assimilar e muito bem acatar essa “ordem” psicológica dada por uma autoridade médica e passa a conviver com o para sempre da doença, vivendo pensando e falando nela, com ela sendo o foco de sua atenção na vida.

Quanto a alimentos bons para a saúde e suplementos “naturais” de prevenção contra os desgastes normais do corpo, percebe-se que não existe lógica na nossa natureza. Alguns seguem a risca seus autotratamentos de manter e mesmo prolongar a vida, orgulham-se de praticar esporte, adoram caminhar seu quilômetros diários e mesmo assim, às vezes, rapidamente adoecem e rapidamente morrem. Não sabem daquele “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Outros, nunca se preocupam com suas saúdes, comem de tudo, não praticam esporte, bebem álcool, fumam, vivem achando graça em tudo, nunca passam por uma consulta médica e estão por aí tendo notícias dos mais jovens que morrem, “furando a fila de espera”.
Nos idos tempos da Rádio de Caieiras, 96.5 FM, colaborando com o programa “Antiga Caieiras de Nossa Gente”, pelo telefone e com suas palavras sendo difundidas aos demais ouvintes da região, preocupado o Senhor Máximo Pastro disse que, metade dos seus amigos e conhecidos de Caieiras estava doente. Num dos dias seguintes ao programa, alguém que se ofendeu pelo que ele havia falado, lhe deu uma tremenda bronca. Ele então, nos solicitou voltarmos ao assunto no próximo programa para pedir aos ouvintes desculpá-lo se ele tivesse exagerado no que havia dito. Atendendo ao seu pedido, corrigirmos a falha dele e falamos assim: “O senhor Máximo Pastro, pelo que falou no nosso programa passado, através de nós, pede desculpas se exagerou no que disse. Disse que, dos seus amigos e conhecidos de Caieiras, metade deles estava doente e alguém se sentiu ofendido com isso. De fato, cometeu um engano sim, porque, a metade doente já não é mais a metade porque, a outra metade já morreu”. E assim salvamos de outras possíveis broncas, um ouvinte assíduo de nossos programas, daqueles bons tempos de entretenimento radiofônico, quando a descontração abafava a lembrança de doenças.


Altino Olímpio