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21/08/2006
A Psique Humana – Parte 22

Temos várias histórias de “iluminados” que foram apagados das normalidades humanas, apesar de continuarem sendo iluminados apenas para eles mesmos. Quando alguém chega nesse estado é impossível reverter sua situação, como, no caso que contaremos agora. No ano de 1968, um ainda rapaz fora “iniciado” numa dessas “sociedades de mistérios” que, aqui, superficialmente, já discorremos sobre elas. Na época, contando talvez vinte e sete anos de idade, o rapaz, muito simpático, tinha um bom porte atlético, era desinibido, bem fluente no nosso idioma e tudo parecia indicar que ele teria um futuro promissor. Mas, com o passar do tempo, o seu se aprofundar nos estudos e práticas para desenvolver as capacidades da sua parte psíquica, fizeram-no se descuidar do lado material de sua vida. De emprego em emprego, mais vivia desempregado. Considerava-se “superior” por pensar que detinha mais conhecimentos do que a maioria. Empregos, só escolhia aqueles que julgava ser compatível ao seu nível de evolução, o que às vezes, conseguia, até quando, se indispunha com os patrões, comparando-os como sendo seus inferiores.

Do “bom viver”, apreciava bebidas finas, bons restaurantes, era freqüentador da vida noturna da cidade de São Paulo, tinha muita facilidade no trato com as mulheres e, com algumas delas, seu envolvimento resultou em confusões incontornáveis. Uma que, muito gostou por dezesseis anos num romance às escondidas, foi uma bonita psicóloga casada com um psiquiatra, tendo ele entre seus clientes, pessoas famosas do nosso cenário político. O romance começou com os dois sabendo que já tinham sido amantes numa “outra encarnação” e nesse envolvimento a confusão final foi maior, terminando em ameaça de prisão para ele numa delegacia de polícia e aqui, os detalhes desse caso tumultuado não se fazem necessários. O nosso amigo era um bom falador e quando telefonava para alguém, muito detalhista em seus assuntos, a conversa, ou melhor, o monólogo se prolongava muito e ele não sabia parar.

Indo agora ao que mais interessa, o nosso personagem, tão imbuído que era de seu estado muito avançado de evolução, conseguiu executar uma proeza, a maior de sua vida. “Foi eu” disse ele “foi eu quem acabou com a guerra do Vietnã”. E essa “noticia” se espalhou entre os mais antigos “irmãos” daquela sociedade discreta e o nosso ingênuo benfeitor da humanidade foi vítima de zombarias as escondidas, além da consideração de estar louco. Quando solicitado para ser mais explícito para aquele empreendimento supra-humano, ele, relatou: “Naquela tarde, sozinho, estive no recinto sagrado de nossa sociedade e lá, muito concentrado e com lágrimas escorrendo pela face, pedi e ordenei mesmo o fim daquela guerra. No dia seguinte apareceu nas manchetes dos jornais em letras garrafais a frase FIM DA GUERRA DO VIETNÔ. Ninguém conseguiu dissuadi-lo desse disparate e ao morrer poucos anos atrás, tendo cerca de sessenta e dois, morreu acreditando nesse poder tão extremo, embora, fosse falho para ser utilizado em benefício próprio. Morreu enquanto vivia sozinho, desprezado pelos amigos e ausente de seus poucos familiares. Essas sociedades ou organizações para o “aprimoramento” humano, uma coisa de bom parece que elas têm. Parece mesmo que conseguem desencadear e apressar a manifestação de algum distúrbio mental ou psíquico que alguns de seus integrantes possam ter sem saber. Os demais, os do “pés no chão” não correm esse perigo, entretanto, correm outros, como, o de serem enganados e iludidos por muitos anos.

Altino Olímpio