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20/05/2007
Níveis Generalizados

“Todos os instintos básicos e formas fundamentais do pensamento e do sentimento são coletivos. Tudo o que os homens concordam em considerar como geral é coletivo, sendo também coletivo o que todos compreendem, o que existe, o que todos dizem e fazem”. (C. G. Jung).

“Nenhum homem pode julgar a outro senão na medida do seu próprio discernimento; não prejudiques as tuas próprias possibilidades de desenvolvimento, condenando em outros a possessão de faculdades que não conheces”. (Mabel Collins). Isto tem a ver com “ao seu nível de razão qualquer um tem razão”.

Alguém já escreveu que a vida só começa quando os filhos saem de casa e o cachorro morre. É quando um indivíduo mais livre de suas responsabilidades tem mais tempo livre para dedicar-se ao seu desenvolvimento mental ou expansão de sua consciência. Mas, na generalidade isto não ocorre. Vítima de seu vício de impregnar-se com o obvianismo da existência, o homem continua se perdendo em seu marasmo. De entremeio com os padrões existenciais impostos pela força dos modeladores da sociedade, o homem ainda se pensa como individualidade, quando, na realidade ele quase é totalmente coletividade. Primeiro, o homem tem que saber disso para poder disso se libertar, se quiser deixar de ser um “apenas mais um” dentre tantos outros iguais destituídos de suas individualidades.

Quando um homem “vira as costas” para a sociedade tendo já contribuído para com ela com muitos anos de sua existência, nos anos que lhe restam e num viver mais apartado são onde estão as probabilidades de auferir os melhores contentamentos da vida. Quando todos os entretenimentos e prazeres coletivos, quando todas as buscas grupais para satisfação da alma, quando tudo do “comum acordo” perde seus encantos e seus significados, é quando o homem reinicia seu estado de individualidade para reconhecer sua própria realidade e importância da vida. Antes dos despojos das incoerências invasoras de sua mente, o homem é só marionete. Triste demais, a maioria não se percebe disso e é com ela que nós convivemos.

Quanto ao dizer de Mabel Collins acima e ao complemento nosso “ao seu nível de razão qualquer um tem razão”, implícito estão os disparates das aceitações psicológicas a que muitas pessoas estão propensas a acreditarem sem mesmo desconfiarem delas serem improducentes, inexeqüíveis e de procedência ainda totalmente improvável, a não ser, ao nível de subjetividade. Contudo, assistimos apenas pessoas e mais pessoas imbuídas de opiniões já extraídas de opiniões. Opinião própria, se ainda é possível, seria para alguém que viva a sós no Deserto. Por aqui, como a individualidade da criança vai se perdendo na escola para se enquadrar na sociedade e os adultos continuam perdendo as suas no poderio das influências da sociedade, então, cada um, na opinião geral “própria” que tem, em sua opinião sempre tem razão. Em voga ainda está aquele ditado: É preciso respeitar a opinião dos outros! Seria uma contribuição para as suas evoluções ou seria uma contribuição para mantê-los na suas ignorâncias?

Altino Olímpio