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11/08/2008
Pistola divina


Coincidência! Logo depois que o Jornal “A Semana” inseriu a crônica sobre a Cidade de Pirapora na coluna “Caieiras Antiga”, a TV Cultura num desses programas que ainda se atura, exibiu livre de censura e de longa duração, um documentário sobre São Luiz do Maranhão. Foi apresentado que em tempo passado, talvez, como sendo combinado e talvez possa ser confirmado, escondidos, os padres responsáveis podem ter sido em criar devoções para os pouco esclarecidos. Também jogavam ao rio estátua de santo e onde fosse encontrada uma igreja seria levantada. Isso já é uma história de museu para agradar qualquer ateu. Mostrou-se na reportagem uma igreja que por camaradagem foi construída depois de ter sido encontrada uma imagem, aquela que lá foi parar e veio a se chamar, se lembro, Igreja São José de Ribamar. Assim, antigamente para os brasileiros tudo era para um fim. Ainda mais que um dos mandamentos é “não mentir”, o que se ouvia era para assentir e era pecado não consentir. Também, o que era vindo do além e dito com consciência era compulsório e não podia ser ofensa para a inteligência. Se fosse bem antigamente e por uma brincadeira indecente, se esculpisse em madeira reluzente uma figura de pistola e numa devida hora a atirasse num riacho de outrora, ela poderia ser encontrada na aurora. Aparecendo alguém e dizendo-a sagrada, num pano a enrola antes que na lama se atola. A notícia se espalha, facilita arrecadar esmola para se poder levantar um templo para o São Pistola. Não seria surpreendente porque como antecedente, na Tailândia tem gente que em procissão e em qualquer recinto carregam pela cidade um enorme pinto. São os adoradores do falo (pênis) que alguns já viram na TV e não sou só eu que falo, cada um acredita no que quiser e isso já não é mais motivo de abalo. Por isso que o mundo é bonito e com nexo, com religião só existindo e vindo depois do sexo, porque ele é instinto, nunca será extinto, cada vez mais faminto não liga pra recado se ele é pecado, cada vez mais sofisticado, tem até padre nele enroscado e sendo processado. Admirando águas passadas que, em redemoinhos passam por sob as pontes, não pensando como antes, parece que não mais somos ignorantes. Somos mais preocupantes porque, agora que só temos rio poluído, nenhum santo vai querer escorregar e nele cair para não ser encontrado fedido. Parece que tudo só acontecia no passado e só quando podia ser presenciado naqueles tempos privilegiados. Nesta era do automóvel ninguém liga se boiando em algum rio passa algo imóvel. Tudo mudou, como águas remexidas muitas lacunas foram preenchidas e hoje até padre voa com bexigas.


Altino Olímpio