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21/10/2008
Cientista diz que medicamentos antienvelhecimento são ineficazes

Nenhum medicamento do mercado é capaz de frear o envelhecimento, nem sequer os famosos antioxidantes ou o hormônio do crescimento, diz um ensaio do cientista espanhol Salvador Macip que reúne as últimas pesquisas nesta área. O hormônio pode, segundo o pesquisador, até mesmo ser nocivo para a saúde.

Em seu estudo "Imortais, Sadios e Perfeitos", Macip aborda, entre outros assuntos, a luta que o homem manteve para encontrar a "imortalidade", ou ao menos a maior longevidade possível, em um combate contra o envelhecimento por meio da ciência.

Há séculos se busca alguma substância que freie o envelhecimento, objetivo que gerou uma indústria montada em produtos e estratégias que nos asseguram que poderemos viver mais tempo e que movimentará, apenas nos Estados Unidos, US$ 50 bilhões (R$ 106 bilhões), sem ter demonstrado sua eficácia, segundo o especialista.

Macip, médico especializado em genética molecular no Departamento de Ciências Oncológicas do Hospital Monte Sinai, em Nova York, diz que qualquer artigo em uma revista científica sobre algum desses produtos é usado depois por algumas empresas para vender mais.

A internet se transformou em um meio habitual para a promoção destas panacéias contra o envelhecimento --antioxidantes, hormônios ou derivados de vitaminas-- que não só não têm nenhuma eficácia comprovada, como ainda podem ser perigosas para a saúde, diz o estudo.

O uso de antioxidantes na dieta foi posto em dúvida há anos e há outros estudos que dizem que existe uma relação entre eles e o aumento de certos tipos de câncer, como o de próstata. Mesmo assim, um terço dos adultos dos países desenvolvidos continua consumindo esse tipo de medicamento.

O hormônio de crescimento (HGH) --produzido pelo organismo principalmente na infância e na puberdade-- combate a perda de massa muscular e, embora não tenha comprovada sua eficácia na batalha contra a idade, gerou uma "indústria em andamento" que parece ignorar seus efeitos colaterais como o desenvolvimento de diabetes, hipertensão ou câncer.

A chamada medicina regenerativa é criticada pelos pesquisadores, que afirmam que estes tratamentos não se baseiam em nenhum fundamento científico, o que não impediu seu sucesso.

Até o momento apenas algumas pesquisas realizadas em animais permitem falar de um possível controle do envelhecimento, como a regulação das proteínas relacionadas à insulina ou à restrição calórica dos alimentos ingeridos, uma via, no entanto, "pouco prática e perigosa", conforme o estudo.

Macip alerta que nos EUA já existem grupos que praticam a restrição calórica em até 60%.

Degeneração

Macip também diz que, embora os avanços sanitários permitam esticar um pouco mais a esperança de vida, vencendo doenças até agora incuráveis, os corpos continuam se degenerando.

Quanto a este ponto, há uma divergência de opiniões: os que acham que a evolução não preparou o corpo humano para resistir mais que um certo tempo e os que acham que se a ciência conseguir combater as doenças, a longevidade do homem não terá limite.

Ao longo da história há casos surpreendentes, como o da francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997 aos 122 anos, um exemplo que segundo Macip reflete que uma combinação de fatores genéticos e ambientais (o ambiente, o tabaco, a alimentação...) facilita uma longevidade natural.

A teoria da oxidação das células que afeta o DNA é uma das mais usadas para explicar o envelhecimento e, por isso, é uma das vias seguidas pelos especialistas, assim como a pesquisa sobre as células senescentes (envelhecidas) com as quais o próprio organismo combate o câncer, mas que por sua vez provoca a degeneração do corpo.

Folha Online