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19/01/2009
Futuro Ausente

Quando se é jovem se vive no saber de um tempo ainda demorado a chegar, aquele do quando nós personalizamos o tudo dos termos sido e vivido até então. Mesmo vivendo a juventude como se ela fosse permanente, interior e sutilmente, uma voz, vez ou outra reaparecendo, fala e faz lembrar-se do existir do futuro. Para o jovem “ele é um estar aqui e o futuro está lá bem longe”. Como para tudo tendo um início, como para tudo estando se constituindo e ainda não terminado, seu terminar representa o futuro. Podemos dizer o mesmo de um jovem, pois, ainda se constituindo num ser adulto, seu futuro será quando atingir a maturidade quando se encontrará numa situação conforme as circunstâncias sucessivas da vida estarão concluídas. Quando com família constituída as buscas por realizações já estarão mais contidas, acomodadas. Este estado de ser já é aquele “futuro bem longe” pensado pelo jovem. Neste estado idoso de ser, com a “febre de viver” diminuída, o homem mais passa a ser um resguardo das necessidades consideradas inúteis. Com tolerância coexiste com os “dejavís” proporcionados pelos outros, inclusive com os dos íntimos próximos a ele. Com a vida sentindo-a estabelecida e na falta de desejos, de novas surpresas ou de ambições, nessa fase de considerar tudo como sendo ilusão, o homem vive como se não mais tivesse futuro. “Tire as ilusões de um homem comum e ele não mais suportará a viver”. Seus dias apenas se repetirão e um não se diferenciará do outro num parecer da vida ter perdido o seu significado. O significado passa a ser apenas o viver por viver até quando isso deixar de acontecer. Diferente do jovem ao “ver” o futuro bem ao longe, para ele seu viver sem expectativas é o futuro terminado em seus subsequentes presentes e diários, até mesmo tediosos. O idoso quando se lembra do seu ainda porvir, aparece-lhe no pensamento a morte já se insinuando. Jovens vivem distraídos em ilusões ou supérfluos porque no íntimo prevêem um futuro para reparar seus enganos do viver. Muitos idosos não, estes, como se já chegados a um estado de vida parecido como sem ter alterações, o viver na continuidade da ausência delas são suas indiferenças pelo futuro e este até deixou de ser solução para os seus dissabores, se os tiverem, pois, vivem eles como se seus futuros fossem eles mesmos estagnados. Um idoso não considera o futuro igual como considera um jovem. Para o idoso, seu futuro final cada vez mais está chegando para perto e para o jovem sempre ele está longe. Sucinto e para quem quiser, este texto poderá servir para reflexões outras pertinentes sobre ele.

Altino Olímpio