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15/04/2009
Inimigos amigos


Como são divinas e estupendas as pessoas que nunca vimos e não conhecemos. Essas sim são a maravilha do mundo, o ápice da criação, são as semelhanças a Deus. Quando passamos a conhecê-las e a vê-las, parece que abrimos a porta do inferno. Sim, nosso inferno interior. Essas pessoas ao nos tornarem conhecidas, isso, é o portão de entrada para elas existirem na nossa mente. Mesmo tidas como esquecidas, vez ou outra reaparecem na nossa consciência e isso é o que é o inferno de cada um, contra vontade ter que “revê-las” mentalmente. Aparecem quando menos esperamos e ao lembrá-las nos desagradamos por elas terem sido soma de nossos enganos ou desenganos. Éramos mais tranqüilos antes de conhecê-las, pois, elas não nos decepcionavam. Enquanto desconhecidas, no anonimato pareciam mesmo ser das tão alardeadas importâncias humanas diante de Deus. Ao saírem do anonimato e serem conhecidas, conhecida fica também a tristeza de Deus ter que aturar no mundo Dele criaturas tão pueris, insignificantes e tão ignorantes. Quando nos damos conta de que ao máximo deveríamos evitar novos “amigos” já é tarde demais. Incluindo parentes, os amigos que a vida já nos deu como presente, muitos desses só estão a nos irritar com as “importantes” insignificâncias de suas vidas, como se, já não bastassem as nossas. Vemos sempre pessoas óbvias cada vez mais sendo óbvias com outras óbvias iguais ou mais. Respeitam-se em suas evasivas e nestas é que, se dizem amigas. A igualdade humana é uma utopia permanente. Se não fosse utopia, o ter amigos seria agradável num não existir dos decepcionáveis, aqueles que, antes de conhecê-los, suas imagens inexistiam na nossa subjetividade e, por isso, se encontravam na expectativa de ser a esperança de ainda se encontrar seres humanos, humanos.

Altino Olympio


Altino Olímpio