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14/07/2009
Irritabilidade do diabético

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Comportamento
8/7/2009 - Diabetes

Muito se fala sobre a maior irritabilidade do portador de diabetes como consequência de descontrole glicêmico. Não existem, porém, estudos conclusivos a respeito do assunto, alerta a endocrinologista Geísa Maria Campos de Macedo, responsável pelo ambulatório de diabetes do Hospital Agamenon Magalhães, ligado à Universidade Estadual de Pernambuco. Ela explica também os efeitos de estados depressivos e de distúrbios de comportamento como a bulimia sobre a glicemia.

Geísa Maria Campos de Macedo: Não é o organismo do diabético que provoca maior ou menor irritabilidade. Todo ser humano é suscetível à irritação e, embora haja quem associe a hipoglicemia à maior irritação, acredito que esse é um comportamento que depende mais da personalidade e do caráter, de como a pessoa encara a vida, do que de uma questão fisiológica.

Existem as dificuldades de lidar com a doença, principalmente no diabético tipo 1, que já começa sua convivência com o diabetes sendo obrigado a tomar insulina, medir a glicemia e mudar seu modo de vida. O diabetes, talvez mais intensamente do que a maioria das doenças crônicas, não permite que a pessoa “tire férias”. Ela é obrigada a lembrar-se de sua condição todos os dias, várias vezes ao dia e, às vezes, se cansa e se estressa. Muitas vezes a constatação contínua das oscilações glicêmicas leva a um estado de depressão e desânimo que geralmente conduz à piora do controle da glicemia. Isso pode gerar um comportamento de desleixo em relação à dieta, às atividades físicas e à administração de insulina. A pessoa fica sem ânimo, acha que seus esforços são inúteis e se descuida das atenções que deveria ter consigo mesma.

Quando está em estado depressivo, o aconselhável é buscar o acompanhamento terapêutico. Se estiver utilizando medicamentos antidepressivos, é conveniente que o psiquiatra que a atende esteja em contato com o endocrinologista, para adequar os medicamentos que serão utilizados às condições de cada um, especialmente em pacientes mais idosos. Algumas drogas antidepressivas não podem ser ministradas se há determinadas complicações do diabetes, como é o caso da neuropatia autonômica, por exemplo.

Acredito mesmo que todo diabético, principalmente o tipo 1, nos primeiros anos de convivência com a doença, deve contar com apoio psicológico para aprender a lidar corretamente com sua nova situação. A depressão pode aparecer, em alguns casos, como conseqüência de a pessoa se sentir diferente dos outros e o apoio psicológico pode facilitar a aceitação dessa condição.

Distúrbios de comportamento como a bulimia, que se caracteriza pelo excesso de ingestão de alimentos e posterior provocação de vômito, também podem prejudicar o controle glicêmico. A bulimia aparece mais comumente em meninas adolescentes, que deixam também de tomar algumas doses de insulina para facilitar o emagrecimento. Com isso, elas criam uma situação de total descontrole glicêmico que pode trazer graves danos à saúde. O importante, nesses casos, é buscar a orientação profissional adequada para que se consiga o equilíbrio emocional desejado com a percepção de que uma dieta saudável e equilibrada pode provocar o mesmo efeito que elas desejam, ou seja, ficar dentro do peso adequado.

Em contrapartida, adolescentes homens às vezes lançam mão de anabolizantes para ganhar mais massa muscular. Anabolizantes não devem ser utilizados por qualquer pessoa sem a devida prescrição médica, mas, no caso do diabético, o dano pode vir inclusive com o ganho de peso. Os anabolizantes abrem o apetite, a pessoa come mais, engorda, sai do controle glicêmico e tem de usar mais insulina, entre outras coisas.

Enfim, é preciso se harmonizar com a realidade, enfrentá-la de forma firme, porém suave, tentando adaptar-se de maneira produtiva aos desafios da vida, sejam eles o diabetes ou qualquer outro.

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