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14/09/2009
Suplício oculto

Muito tempo passou desde quando se era cogitado entre as mulheres. Agora, pela vantagem de se estar na melhor idade (e que vantagem) a felicidade seria a alegria dessa circunstância “tão esperada” se o espírito tivesse desejos condizentes com a idade do corpo. Mas não, ele permanece jovem só gostando de jovem quando seu estado de idoso é repulsivo pra ela. Nisso, a chamada melhor idade é a melhor para a agonia. Pelo cotidiano, no se defrontar com uma jovem bonita e repleta de atributos desejáveis, nem o prazer de fitá-la demoradamente é permitido vivendo-se em sociedade, pois, ela pode reagir dizendo “nossa, que velho mal encarado, tarado”. Conversando com ela nem se pode olhar para a parte de seus seios a mostra e, acariciá-los, nem pensar! Só resta o fingir a indiferença por ela que favorece o despi-la todinha, mentalmente. E, muito mais, pois, enquanto muito atento (até parece) ao que a jovem está a dizer, como num sonho todas as carícias estão sendo “realizadas” numa relação íntima com ela. Depois, a realidade da vida naquele “por cada um em seu devido lugar” é o desespero dos inconformados. O se saber descartável para as mulheres jovens e bonitas não é nada aceitável. Disso se deduz que na idade avançada (neste caso, melhor idade só pode ser piada) temos desejos de prazer por quem não podemos ter e não queremos com quem podemos. Essa sina de quando mais os instintos se “inflamam” diante de mulheres jovens e bonitas se sabendo não poder tê-las, isso, é um tormento e o inferno na terra para os “homens de boa vontade”. Quando o idoso tem a possibilidade de se satisfazer com jovens “cheias de vida” ele não se lembra de se “salvar” para ir ao paraíso e muito menos se preocupa em saber o que seja isso. O paraíso mais é uma compensação intelectual para aqueles que não têm o paraíso aqui na terra.


Altino Olímpio