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30/06/2011
Substância encontrada no morango reduz complicações do Diabetes.

Teste realizado em ratos diabetes tipo 1 mostrou que fisetina é eficaz para impedir doenças renais e cerebrais

Um flavonoide de ocorrência natural encontrado em grande quantidade nos morangos diminui complicações derivadas do diabetes. A afirmação é de pesquisadores do Salk Institute, nos Estados Unidos. Os resultados do estudo mostram que a fisetina impediu complicações renais e cerebrais em um modelo de rato com diabetes tipo 1.

O flavonóide foi identificado 10 anos atrás como neuroprotetor em uma pesquisa em plantas pela co-autora do estudo atual, Pam Maher.

Embora o foco seja neurobiologia, Maher e seus colegas argumentaram que, como outros flavonoides, a fisetina pode melhorar um espectro de transtornos observados em pacientes diabéticos. Para testar esta hipótese, eles avaliaram os efeitos da suplementação de fisetina em ratos com diabetes tipo 1.

Os camundongos apresentaram aumento de açúcar no sangue típico de diabetes tipo 1 e exibiram patologias sérias que ocorrem em humanos com diabetes dos tipos 1 e 2, tais como a nefropatia diabética, retinopatia e neuropatia.

Camundongos alimentados com uma dieta rica em fisetina permaneceram diabéticos, mas a hipertrofia renal aguda, observada em camundongos tratados, foi revertida e houve queda nos níveis de proteínas na urina, que são biomarcadores seguros de doença renal. Além disso, a ingestão de fisetina melhorou comportamentos relacionados à ansiedade em ratos diabéticos.

O estudo também define um provável mecanismo molecular subjacente a esses efeitos. Pesquisadores observaram que os níveis de açúcar no sangue e no cérebro afixados a proteínas conhecidas como produtos finais de glicação avançada (AGEs) foram reduzidos em ratos tratados com fisetina em comparação com ratos não tratados. Estas diminuições foram acompanhadas por aumento da atividade da enzima glyoxalase 1, que promove a remoção de precursores tóxicos AGE.

Segundo os pesquisadores, a descoberta de uma enzima antagonista à AGE, regulada pela fisetina, é intrigante, pois evidências mostram que níveis elevados de AGE arterial estão associados com a maioria das complicações entre diabéticos. "Sabemos que a fisetina aumenta a atividade da enzima glyoxalase e pode aumentar a sua expressão. Mas o importante é que o nosso é o primeiro relatório a mostrar que fisetina pode aumentar a atividade de glyoxalase 1", afirma Maher.

Os autores destacam que, curiosamente, níveis muito altos de AGE também se correlacionam com atividade inflamatória ligada a alguns tipos de câncer. De fato, estudos anteriores confirmam que a fisetina diminui a tumorigenicidade de células de câncer de próstata, tanto em cultura quanto em modelos animais.

Para ingerir níveis de fisetina equivalentes aos testados em ratos, Maher estima que os seres humanos teriam que comer 37 morangos por dia, assumindo que a fisetina do morango seja tão prontamente metabolizável por seres humanos como ocorreu com os animais. Em vez de ser ingerida por dieta, Maher prevê que a fisetina poderia ser tomada na forma de um suplemento alimentar.


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