Versão para impressão

12/08/2011
Passado, presente e futuro

Passado, presente e futuro

São estimativas há separar o tempo em partes. O já vivido é considerado passado, o estar ocorrendo é o presente e o porvir é o futuro. Interessante. Ouve-se dizer, não se deve viver no passado e sim no presente. O falar e falar tornou-se predominante sobre o pensar. Na verdade quem mais pensa não fala e mais fala quem não pensa. Imagina-se o presente sendo ele o agora até o retroagir dele para algum tempo atrás. Se à noite estamos a falar sobre algo ocorrido na parte da manhã, inconscientemente o pensamos como sendo ainda parte do presente e não do passado. Mas, o presente não está a ser indicado como um estado paralisado a ser referência diferenciada. Ele é continuidade absoluta. Nós é que o imaginamos como também sendo os momentos próximos passados. Sendo instável e a ser de sucedâneos, o presente vai “puxando” os ainda fatos desconhecidos do futuro próximo para o perceber da   consciência --isto é o presente, o instante fugaz da conscientização. Claro, existem fatos a surgirem no presente a se prolongarem por mais tempo, mas, isto já é outro assunto. Um fato ao surgir no presente, assim que é conscientizado, ele se torna memória, portanto, já é passado. O presente é incerto e vivemos a mercê dele sem saber o que pode nos ocorrer. Desnecessário é enumerar as ocorrências diárias a nos surpreender e a nos interromper ou, apenas a interferir com o que estamos a fazer. O futuro sem interrupção vai se constituindo a cada minuto em que vamos existindo entendendo-o como sendo o presente imediato. Presente e futuro nunca estão a serem fixos. Ao contrário, isso o passado pode ser. Só tendo existência na nossa mente, nele podemos escolher um fato isolado a ser lembrado, fixo no como aconteceu num presente do passado. Todos são resultados de seus condicionamentos desde suas infâncias e isso se constitui na personalidade que somos e como somos. No presente temos comportamentos conforme nos condicionamos no passado. Se ele não nos existisse não teríamos como nos identificar perante o presente. Seríamos apenas criaturas corpóreas como são os animais. Como eles seríamos indiferentes e desprezíveis entre os homens. Lembrando “o corpo sempre está no presente e o pensamento sempre está no passado”. Claro, ele é o passado a exteriorizar nossas vivências a outros em conversas. Também, nossa mente funciona por comparação. Quando no presente nos deparamos com algo, imperceptivelmente, ela busca no passado alguma referência para poder reconhecê-lo. Assim somos um acúmulo do já existido. Entretanto, muitos se vangloriam dizendo-se viver só pelo presente, mas, essa possibilidade foi devida aos seus passados e são ignorantes disso. Certos estão a ser contra outros do presente a se lamentarem de seus passados. Contudo, se para muitos o passado não importa, por que somos constituídos com memória? Ah... Lembrei. Ela é apenas um acessório. Obrigado amiga por “me ter” com prazer como o fez em sua crítica sobre eu ser “saudosista” esquecido de viver o presente. Graças a ti originou-se a idéia deste texto. Uma frase da Greta Garbo pra você: “A vida seria maravilhosa se soubéssemos o que fazer com ela”.

                                                                                                 Altino Olympio

 Acho que o saudosismo  é também uma constante na vida de todos nós que já passamos dos cinquenta. Antes dessa idade, talvez  poucos se liguem nas reminiscências do que ja foi vivido.
A própria psicanálise trata seus pacientes atravéz do retrocesso e da regressão espiritual, que para mim nada mais é que uma repassagem por nossas experiências amontoadas  num esconderijo obscuro do subsconsciente.
Eu também hoje usufruo do saudosismo, lendo  crônicas, revendo fotos antigas, relendo cartas amareladas, ouvindo velhas canções e imaginando mil cenas que outrora fizeram parte da minha vida.
Alguns dizem que a medida que vamos envelhecendo este saudosismo vai se acentuando e creio que isto se deva ao fato de que relembrar o passado nos faz ancorar seguramente na vida. É uma forma certamente  de tentar  retardar a morte.
O certo é que  à medida que vamos perdendo parentes, amigos, amores, mais sentimos necessidade de  nos agarrar ao que passou. Um pouco por culpa, por arrependimentos. Um pouco também  pela alegria desse passado, onde preocupações com doenças, debilidades e perdas praticamente não existiam.
Seja lá o que for, todos sem exceção um dia serão saudosistas como nós estamos sendo agora e sentirão um enorme prazer ao se deparar com uma porta semi aberta em suas memórias levando-os magicamente de volta no tempo. Com alegria, também irão escancarar esta porta e espero sinceramente que, ao fazerem isto possam encontrar uma recepção tão importante como a que essas crônicas nos oferecem.
Concordo : "Somos um acúmulo do já existido".
Portanto o presente nada mais é que uma coletânea de fatos, emoções, experiências já acontecidas que não voltam mais, infelizmente, mas que alimentam profundamente nossa alma e nosso coração.

Fatima Chiati

 


Altino Olímpio