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10/04/06
Vacina anti-HPV age por 4 anos e meio

Tempo de proteção, que pode ser maior, aponta para a necessidade de incluir o produto no calendário de vacinação

Dura no mínimo quatro anos e seis meses a proteção oferecida por uma das vacinas contra o HPV, vírus que é uma das principais causas de câncer de colo do útero, segundo um estudo publicado na última edição da revista científica The Lancet.
Até então, não sabia o tempo de efeito da vacina. O HPV é sexualmente transmissível e tem a capacidade de provocar a mutação de certas células, o que leva à formação de tumores.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) calcula que o Brasil terá neste ano 19.260 casos novos de câncer de colo do útero o risco estimado é de 20 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. É o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres, atrás apenas do de mama.
O estudo mostrou que, quatro anos e meio depois de tomar a vacina, as mulheres ainda tinham no organismo altos níveis de anticorpos contra o HPV- 16 e o HPV- 18, as variantes do vírus mais associadas ao câncer. Foram acompanhadas 800 voluntárias - parte delas recebeu três doses da vacina, outra parcela recebeu placebo.
"Esse achado cria o cenário para a adoção em grande escala da vacina contra HPV como prevenção ao câncer de colo do útero", afirmou a pesquisadora Diane Harper, da Faculdade de Medicina de Dartmuth, em Hannover, nos Estados Unidos, que conduziu a pesquisa.
A vacina em questão é o Cervarix, produzida pelo laboratório inglês GlaxoSmithKline. Além disso, combateu infecções já existentes e protegeu as voluntárias contra outras variantes comuns do vírus, como o HPV-45 e o HPV-31.

Alternativa

Outra vacina contra o HPV tem duração de pelo menos cinco anos. Esse resultado está prestes a ser publicado em outra vista científica, segundo o oncologista brasileiro Ronaldo Lúcio Rangel Costa, que participa das pesquisas.
O produto é o laboratório americano Merck e foi desenvolvido em parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. Os testes de duração da vacina estão sendo realizados em 33 países, incluindo o Brasil. "É parecida com a vacina contra a hepatite. Por isso, acreditamos que deva ter uma duração de dez anos", afirma o oncologista.
A vacina da Merck, como a da GlaxoSmithKline, protege contra o HPV-16 e o HPV-18. A diferença é que ela induz também a formação de anticorpos contra HPV-6 e o HPV-11, que são responsáveis pelas verrugas genitais (benignas).
As duas vacinas ainda não chegaram ao mercado. Estão em processo de liberação nos Estados Unidos e na Europa.
Uma pesquisa realizada na União Européia com mais de 1.500 mulheres e divulgada ontem mostrou que apenas 5% delas sabem que o HPV causa o câncer de colo do útero.
Calcula-se que 630 milhões de pessoas no mundo, entre homens e mulheres, estejam infectados por um dos cem tipos de HPV. O vírus pode também causar câncer de ânus e de pênis.


O Estado de São Paulo