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10/04/2012
O homem escravo de si mesmo

Homem, o escravo de si mesmo

O ser humano não percebe que é um joguete de sua natureza. Sua vida sempre foi dividida em fases e nelas foi seu escravo. Quando criança pode ter sido feliz. Isso é obvio! Ainda em formação, a criança carece do preparo físico para dar vazão ao instinto. Sua constituição fisiológica incompleta ainda não dispõe do poder que vão lhe exercer os seus hormônios. Sendo assim, ela ainda não é submissa aos desejos corporais que viciam e aprisionam os adultos. Como consequência ela é inocência e isso é considerado como sendo a pureza infantil.

A partir da juventude com sua constituição já quase completa, os hormônios aqui entendidos como a manifestação do instinto e da emoção, eles têm no adulto o meio para se expressarem. Isso no homem é a continuidade do seu se desconhecer. Muito do que faz é proveniente de uma reação, digamos, química e independente de sua volição. Num exemplo, a presença de uma mulher próxima a ele pode ocasionar uma reação em sua região pélvica tornando-o excitado mesmo ele estando num local de oração e sem intenção erótica.  Tal reação pode lhe surgir espontaneamente mesmo sendo indesejada pela sua consciência na ocasião. Sua consciência apenas estaria a acusar um desejo sexual proveniente de um estímulo interior provocado pela presença da mulher próxima a ele, independente do seu querer. Quase sempre o homem é impulsionado por reações internas despercebidas por ele. Daí o pensar que seus atos são originários de seus próprios pensamentos quando podem não ser. Eles são muito influenciados pelos instintos e por outras sensações.

Os homens, imitadores como são, não se diferem muito dos macacos. São assim porque são joguetes de influências e como atendem a elas pensam estar exercendo suas próprias vontades. Se estas fossem mais predominantes seriam determinantes para cada um se conduzir como quer e não ser conduzido por influências invasoras tão em vigor atualmente. Teríamos maior diversidade entre os seres humanos e entre suas realizações. Mas, não! Em sua maioria eles são parecidos pelo que gostam, desejam e, as generalizadas sugestões repetidamente difundidas os tornam vítimas de suas tendências imitativas. Estas os tornam enfadonhos diante das mesmices exteriorizadas por eles e realçam suas disposições para serem massas de manobra.

Alguma liberdade para o homem ser ele mesmo só lhe vem com o avançar da idade quando seus hormônios estão enfraquecidos e seu estado sugestionável é mínimo. É quando o homem (não todos) percebe melhor as ilusões da vida, os erros consequentes ao ter sido direcionado pelo instinto e de ter sido facilmente influenciado por sugestões alheias aos seus desejos necessários.  Mas, já é tarde para arrependimentos. Ele pode estar envolvido com responsabilidades que o torturam por nunca as tê-las desejado ou imaginado. Consequência de um inconsciente viver sob o domínio das influências externas e do poder com que os desejos corporais o dominaram sem ele discipliná-los com a razão ou raciocínio.

Concluindo, o homem não é a independência que promulga ser. Escravo dos instintos, escravo das emoções, escravo das influências, das imitações e etc. ele também é um acúmulo hereditário. É o resultado da união dos genes paternos a influir em sua vida e nele podem reaparecer sinais de atavismo. Ele não é uma integridade original própria. Mais ele é uma reprodução de seus antecessores. Nem sua constituição fisiológica lhe é própria. Nisto tudo se conclui que o homem é um aglomerado das tendências que o acompanham e o aprisionam na ilusão dele ser o único protagonista responsável por suas ações, desejos e vontades. Exagerando nesta explanação, o homem só por si mesmo nem existe sem os reflexos de outros que foram seus antecessores. Daí a expressão “ninguém é livre e independente como imagina ser.” 

                                                                                                Altino Olympio  


Altino Olímpio