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24/04/2012
Quando a esmola é demais ...

Vez por outra nos deparamos com anúncios em jornais e revistas de negócios de oportunidade, normalmente a venda de automóveis a valores insuperáveis , a preços quase impossíveis de serem praticados, quase sempre de veículos que se constituem em sonhos de consumo um tanto quanto distantes. O interessado feliz da vida e muito motivado entra em contato com a “concessionária” e o atendente lhe oferece condições ainda mais especiais do que as anunciadas, trazendo uma euforia ainda maior ao interessado, que busca “fechar o negócio” o mais rápido possível, muitas vezes se endividando ou comprometendo suas economias. Vem à lembrança, imediatamente, as famosas vendas de bilhetes premiados, ou então as recompensas por pacotes ou cheques localizados no movimentado comércio da capital que emergia em meados do século 20, quando São Paulo se constituía na megalópole que é hoje.  Na verdade a essência é a mesma: negócios irrecusáveis, nos quais se aguça a perspectiva de lucro fácil do “sortudo”, que se rende, sem cuidados costumeiros, à lábia de astutos golpistas experimentados naquilo que se convencionou chamar “o conto do Vigário”. E observo, os negócios se sofisticam, de acordo com o montante que envolvem, e se especializam, chegando inclusive a golpes internacionais que movimentam anualmente milhares e milhares de dólares, quanto mais numa época em que a distância é grandeza praticamente inexistente, postas as facilidades dessa tal “internet”...
Amigos, tenham certeza de que lucro fácil, além de algo injusto, é praticamente impossível. Se alguém perde, alguém ganha. Não tenham dúvida de que apesar muito termos evoluído até aqui, nossa sociedade ainda não observa abundância de almas bondosas dispostas a repartir a riqueza que cumularam realizando negócios caridosos. Quando a esmola é demais, até o santo desconfia.


Fábio Cenachi