Versão para impressão

25/08/2012
O Buda

O BUDA

O Buda nasceu no Distrito de Nepal, Índia. Foi um príncipe indiano e seu nome era Siddhartha Gautama. Tendo sido criado no luxo e recebido uma educação adequada a um príncipe e sendo humano, ele se casou e teve um filho. Sua natureza contemplativa e sua compaixão sem limites não lhes permitiram desfrutar dos fugazes prazeres materiais de uma casa real. Não conhecera pesares, mas, sentia profunda compaixão pela humanidade sofredora. Em meio a conforto e prosperidade deu-se conta da universalidade da dor. O palácio, com todos os seus divertimentos mundanos, não eram mais um lugar adequado para um príncipe que denota compaixão. Chegara o momento para ele partir. Apercebendo-se da vaidade dos gozos sensuais, aos vinte e nove anos de idade ele renunciou a todos os prazeres mundanos e, passando a usar a simples veste amarela de um asceta, aquele que se dedica a exercícios de oração, meditação, mortificação do corpo e etc. que visam à conquista das virtudes espirituais, sem dinheiro ele sozinho pôs-se a vaguear em busca da verdade e da paz.

Como naqueles dias se acreditava que a libertação não poderia ser alcançada a menos que o indivíduo levasse uma vida de rigoroso ascetismo, ele praticou todas as formas de austeridades. Em vigílias mais e mais longas e penitências cada vez mais fortes fez um esforço sobrehumano durante seis anos. Seu corpo foi reduzido quase ao esqueleto. E quanto mais ele o torturava mais a sua meta se afastava. As dolorosas e ineficazes austeridades que praticou tão arduamente demonstraram-se totalmente inúteis. Por experiência pessoal ficou convicto da total futilidade da automortificação que enfraquecera seu corpo e resultara em fadiga ou exaustão do espírito. Aproveitando essa inestimável experiência pessoal, ele finalmente decidiu seguir um rumo independente evitando os dois extremos de autogratificação e automortificação. O primeiro retarda o progresso espiritual e o segundo enfraquece o intelecto. O novo caminho que ele próprio descobrira era o caminho do meio. Numa venturosa manhã enquanto ele estava profundamente absorto em meditação, sem ser ajudado ou guiado por qualquer poder sobrenatural, dependendo exclusivamente de seus próprios esforços e sua sabedoria, ele extirpou todas as impurezas, purificou-se e, percebendo as coisas como elas realmente são, alcançou a iluminação aos trinta e cinco anos de idade. Desde então dedicou o restante de sua preciosa vida a servir a humanidade. Após um bem sucedido ministério de quarenta e cinco longos anos, o Buda, como qualquer outro ser humano, faleceu aos oitenta anos. Ele que nasceu no ano 563 e morreu no ano 483 antes de Cristo.

Buda não deixou margem a que pessoa alguma o considerasse um ser divino imortal. Deve-se acrescentar, porém, que nunca ouve instrutor tão sem divindade como o Buda e, no entanto, tão divino. Como homem o Buda alcançou a iluminação e proclamou ao mundo as inconcebíveis possibilidades latentes e o poder criador do homem. Em lugar de colocar um Deus todo poderoso e invisível acima do homem controlando arbitrariamente o destino da humanidade e mantendo o homem subserviente a um poder supremo, ele elevou a dignidade do ser humano. Foi ele quem ensinou que o homem pode alcançar a libertação e a purificação por seu esforço próprio sem depender de um Deus exterior ou a mediação de sacerdotes.

Buda que significa “desperto” é um título dado na filosofia budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos demais seres. “A verdadeira natureza dos fenômenos”, aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam insatisfação, o descontentamento, o sofrimento.
Tentando aqui explicar que os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais temos que, nada é permanente, tudo é transformação. Não são satisfatórios porque desafiam a compreensão humana. São impessoais porque com seus efeitos os fenômenos existem por si mesmos e suas causas não são humanas. Suas causas e efeitos são ausentes de propósitos para afetar a humanidade, embora, ela possa sofrer danos se tais efeitos dos fenômenos sejam nocivos para ela.

Para Sidarta Gautama, o Buda, não havia intermediário entre a humanidade e o divino. Dentre as religiões mundiais (a maioria das quais proclama a existência de um Deus criador) o budismo é considerado incomum por ter uma base fundamental não teísta, sem Deus. Para o Buda a chave para a libertação é a pureza mental e a compreensão correta e, por esse motivo, ele rejeitou a noção de que se conquista a salvação implorando para uma deidade distante. Os povos costumam idolatrar seus líderes, digamos, espirituais e, fundam em prol deles, religiões, mesmo não sendo esse o desejo deles enquanto vivos. Inventam rituais de devoção, preces e orações, mas, os ensinamentos desses líderes ficam à margem como sendo de difícil execução para a maioria que, julga-se incapacitada para tais ensinamentos por se sentirem comuns e sendo assim preferem o conforto mental estacionário dos comuns. É raro existir alguém pertencente a qualquer religião, que, demonstre alguma semelhança com o líder ou santo a quem venera.  No mais, os ensinamentos dos líderes considerados sagrados, mais servem para o deleite intelectual na conversa sobre eles no querer demonstrar afinidade e religiosidade. Porém, os ensinamentos dos líderes mentais ou espirituais do passado parecem ser inaplicáveis neste mundo onde as dificuldades de sobrevivência e as equiparações da convivência geram mais a preponderância do materialismo. “O dai o que tendes e siga-me” dito pelo mestre dos mestres estaria a desiludir muitos que pensam que são o que não são. 

                                                                                                      Altino Olympio