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16/11/2006
O aspartame, usado em refrigerantes diet, faz mal à saúde

por Ana Luiza Barbosa de Oliveira

O adoçante conhecido pelo nome comercial de Aspartame, um dos mais vendidos e testados do mercado, é mais uma panacéia do mal: você está tentando perder peso, tomando café com aquele gosto horrível de adoçante e ainda corre risco de adquirir doenças como esclerose múltipla, lupus, também conhecido como lupus erimatoso sistêmico (LES), e fibromialgia. Fibromialgia é uma condição dolorosa generalizada e crônica, englobando uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição e distúrbios do sono. O LES é uma doença crônica de causa desconhecida, na qual o doente desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células normais, podendo conseqüentemente afetar a pele, as articulações, rins e outros órgãos. E pior, como o café está quente o aspartame ainda se decompõe em substâncias extremamente perigosas como metanol e dicetopiperazina (DKP). O metanol proveniente do consumo generalizado de aspartame seria responsável por milhares de casos de cegueira aparentemente inexplicáveis e a DKP, causadora do grande aumento de casos de câncer nos últimos anos.

As versões do e-mail de alerta e websites sensacionalistas variam bastante, porém a versão mais sofisticada apresenta um artigo de Nanci Markler aparentemente baseado em um discurso seu na Conferência Mundial do Meio Ambiente. Nenhuma credencial da autora é apresentada e nenhum trabalho seu na área de medicina é encontrado no MEDLINE, banco de dados de artigos da área.

Nesta mesma base de dados não existe nenhum trabalho ligando o consumo de aspartame a casos de esclerose múltipla, lupus ou fibromialgia.

Segundo um comunicado da Fundação de Esclerose Múltipla não existe evidência de que o aspartame cause, induza, imite os sintomas ou piore as condições de pacientes com esclerose múltipla. Assim como não é perigoso para diabéticos.

Por outro lado, vários pequenos estudos mostraram que pode existir um subconjunto de pacientes sofrendo de enxaqueca que têm suas condições pioradas com o uso de aspartame. E um estudo não repetido mostrou que pacientes com depressão podem piorar seu quadro por causa do aspartame.

Portanto, a Fundação de Esclerose Múltipla não condena o uso do aspartame, mas recomenda que pacientes sob tratamento para depressão informem seus médicos sobre seu uso.

O FDA (Food and Drug Administration), a agência responsável pela aprovação de alimentos e medicamentos comercializados nos EUA, reitera sua posição de que o aspartame é seguro como aditivo alimentar, conforme revisão de estudos feitos desde a metade da década de 70. O FDA revisa continuamente a literatura científica a fim de que caso efeitos desconhecidos dos produtos e substâncias aprovadas sejam descobertos, este possa agir de forma a garantir a saúde pública. Vários estudos repetidos por diferentes autores não mostraram qualquer efeito adverso do aspartame com relação a vários tipos de doenças e condições (1, 2, 3).

Agora vamos à parte do metanol. O aspartame é composto por dois aminoácidos, a fenilalanina e o ácido aspártico. É verdade que um dos produtos de degradação do aspartame é o metanol. O envenenamento por metanol pode, entre outros distúrbios, levar à cegueira. Na realidade, o que causa a cegueira é um produto da degradação do metanol, o ácido fórmico. Mas a quantidade de metanol proveniente do consumo de aspartame é ínfima e similar àquela produzida pelo consumo de frutas e vegetais como laranjas e tomates. Portanto, não é suficiente para aumentar a concentração de ácido fórmico no organismo até níveis perigosos. (4)

Em cada lata de refrigerante diet existem cerca de 200mg de aspartame. Estudos mostram que o consumo de 2.000mg não causa alteração no nível de metanol no sangue de adultos, assim como a ingestão de 600mg por hora durante 8 horas (o equivalente a 24 latas de refrigerante diet) não foi suficiente para aumentar significativamente o nível de metanol no sangue de adultos saudáveis. (5, 6) Em outro estudo a ingestão de 14.000mg de aspartame causou um aumento nos níveis de metanol, porém o nível de ácido fórmico, responsável pelos efeitos adversos, permaneceu inalterado. Trabalhos com doses equivalentes foram realizados com e os resultados foram os mesmos.

A quantidade de metanol gerada pela ingestão uma lata de refrigerante diet é de cerca de 20mg. Volumes equivalentes de suco de fruta e bebidas alcóolicas produzem, respectivamente, 40mg e cerca de 60 a 100mg. (7, 8)

Quanto à dicetopiperazina, não existem evidências experimentais de que esta substância induza a formação de câncer.

Além do metanol, os principais produtos do metabolismo do aspartame são os aminoácidos que o compõem, a fenilalanina e o ácido aspártico. A liberação de fenilalanina faz com que algumas pessoas realmente possam apresentar reações ao uso do aspartame, como aquelas que sofrem de fenilcetonúria. Daí aquele aviso em todas as latas de Coca-Cola light: "Atenção fenilcetonúricos, este produto contém fenilalanina". Na realidade, os fenilcetonúricos devem evitar o consumo de fenilalanina proveniente de qualquer fonte e não somente de aspartame. Cada lata de refrigerante diet ingerida libera cerca de 100mg de fenilalanina comparados com 300mg a partir de um ovo, 500mg de um copo de leite e 900mg de um hambúrger. (9)

O ácido aspártico, um aminoácido encontrado em qualquer fonte de proteína, realmente pode causar danos cerebrais, mas somente em altas doses e, segundo o FDA, as pessoas consomem em média de 4 a 7% da quantidade máxima recomendada.

Ah, sim, tem a teoria da conspiração: o FDA, o governo americano, os médicos e as publicações científicas estão de conluio com as empresas fabricantes para que eles continuem comercializando seus produtos. Por outro lado, algumas das alternativas naturais consideradas seguras em relação ao aspartame, como por exemplo a stevia, não são aprovadas pelo FDA como aditivo para comida. Contra a stevia pesa o fato de não existirem estudos suficientes que comprovem sua segurança.