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12/02/2014
Por que será que a morte mais procura os inocentes?

Por que será que a morte mais procura os inocentes? 

Neste mês de fevereiro de 2014 aconteceu uma tragédia (como tantas outras em tantos lugares do país) numa passeata na Cidade do Rio de Janeiro. Um cinegrafista de uma conceituada emissora de televisão foi vítima de um “fogo de artifício”, um foguete explosivo aceso por um ou dois dos vândalos presentes na passeata. Atingido na cabeça pelo artefato o cinegrafista morreu dias depois. A repercussão do fato fez com que todos “âncoras” dos canais de televisão se manifestassem exigindo justiça e reclusão de trinta e cinco anos para o, ou, para os responsáveis pela tragédia. Revolta razoável, embora, se saiba que no Brasil ninguém fica preso por mais de trinta anos, quando fica. Entretanto, ouviu-se dizer que os desqualificados para viver em sociedade (nisso não há dúvida) seriam enquadrados no crime qualificado. Não foi crime qualificado. O foguete foi aceso sem ter alguém em mira para atingir. Aleatório, o foguete tem rumo incerto e pode atingir quem está em seu trajeto e foi o que aconteceu. Crime doloso? Também não. Não houve a intenção de matar alguém. Crime culposo? Isso sim tem procedência. Acender um artefato perigoso em público pode ser considerado crime. Ouviu-se que o enquadramento legal seria também por crime de explosão. Isso é a primeira vez que ouço.  Quanto ao fato lamentável, ele teria sido evitado se desde as primeiras passeatas os arruaceiros fossem presos por depredações do patrimônio público e privado.  Parece que nada além de serem fichados aconteceu com eles. Ai tem coisa! Mas, no teatro da vida é proibido espiar o que acontece nos bastidores porque a consequência pode ser dramática. Quanto aos “peixes pequenos” da desordem, duvida-se que um tribunal os condene com altas penas como quer o povo envolvido na atual comoção geral. Os juízes são obrigados a seguir as normas da lei punitiva. Se fosse ao contrário, teriam que revisar condenações anteriores que foram consideradas brandas pelo público, como no caso da amante daquele goleiro de futebol que foi assassinada e parece mesmo, fizeram picadinho com ela.  Alguns apresentadores de programas de televisão gostam muito de “por mais lenha na fogueira” e muitos telespectadores os acompanham e até lhes enviam através da internet, pelas redes sociais, mensagens contendo discrepâncias sobre como se deve punir alguém praticante de atos repugnantes. Convenhamos, pois, no mais das vezes tais punições desejadas pelos mensageiros são incompatíveis com as regulamentadas pela legislação deste país. Muitos perdem a ocasião de manterem a “boca fechada” quando ao contrário expõem suas ignorâncias sobre o fato que esteja em questão.  Até parece que ser “ridículo” agora faz parte da nossa cultura. A Mídia adora tais manifestações. E o governo sempre está atento a essas manifestações dos mais desinibidos representando o povo e assim acompanhando a evolução dele tem como aprimorar os meios de governá-lo.

                                                                                                            Altino Olympio