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15/02/2014
Racismo à brasileira

Manhã de domingo numa cidadezinha do interior, seis amigos de infância se reúnem religiosamente a anos, todos descendentes de imigrantes  que criaram a cidade. O mais novo tem 63 anos, todos aposentados, o assunto é o de sempre falar mal de tudo, começando do govêrno que não presta, aposentadoria que é uma merda, etc. detalhe: todos tem uma situação financeira excelente, são profissionais liberais, empresários, etc.. Um deles está impaciente e reclama, cadê o negrão ? - negrão é um procurador do Estado aposentado, azulado de tão preto. Eis que chega bufando ,é o mais velho da turma com setenta e tantos  anos, o amigo birrento vai logo dizendo - porra meu ficou ajudando a Conceição lavar a louça? faz mais de uma hora que estamos esperando, aí começa a conversa mole de sempre , rolando..... rolando.... nesse momento passa um negrinho acompanhado de uma mulata seis e meia da tarde para mais,  escultural, padrão globo.

Os amigos que estavam justamente discutindo sobre seus antepassados europeus, exceto o negrão, param  para olhar o monumento. Puta merda! isso não é mulher é uma deusa.... dizem.... ficam maravilhados com a jovem mulata, nesse momento um deles lembra do negrinho abraçado com ela e não se aguenta - como é que pode  em pessoal, negrinho metido. não é mulher para ele, vai ver ganhou uma bolada na loteria e ela está aproveitando, o negrão concorda com tudo balançando a cabeça.

Um estrangeiro que estivesse presenciando a cena ficaria completamente confuso, afinal, o negrinho era um preto metido a mulata uma deusa e o amigo negrão mais branco que eles. Freud entraria em colapso para entender o racismo brasileiro. Abençoado País esse. Ah! ia esquecendo, o amigo empresário era casado com uma nissei e tinha só oito filhos.


Edson Navarro