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08/09/2015
Infância é passado na lembrança

Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida.

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores

Naquelas tardes fragueiras

À sombra das bananeiras

Debaixo dos laranjais...

Casimiro de Abreu 1837-1860

Ah saudosa infância!

Foi o deleite para o Casimiro.

Os dias eram mais longos...

Cantos melancólicos dos pássaros

E o silêncio das cigarras

Eram o anunciar do fim de mais um dia.

No entardecer antes do escurecer

Havia uma pausa na natureza

Quando o mundo parecia parar

Para logo adormecer na escuridão.

Noites silenciosas se não chovia

O molhar era só do xixi na cama.

Barulho, só se o cachorro do vizinho latia.

O cheiro do café da mama já era o amanhecer,

Pão com manteiga, calor do fogão a lenha...

Cabritinho com seus berrinhos lá depois da horta,

Meu querido amiguinho das travessuras animais

Do pula daqui e pula dali me dava chifradinhas.

Triste e fatal, ele só viveu até um dia antes do dia de Natal.

Parte da manhã e a única obrigação era frequentar a escola,

Sanduíche de pão com ovo frito para o recreio era delicioso.

Garoto gostava de chutar lata vazia pela rua,

Naqueles tempos do não saber o que se ia ser quando crescer

No chutar lata vazia pela rua todo o pensamento sumia

Para o que eu iria ser que eu ainda não sabia o que queria.

Infância... Quem bem a entendeu foi Casimiro de Abreu.


Altino Olympio