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18/12/2015
Infância, juventude, maturidade e velhice

Faz muitos anos que aqui cheguei

Não me lembro de quando abri os olhos

Ainda não havia consciência

Pensamento também não havia

Foram muitos dias sem ser e sem saber

As imagens que eu apenas percebia

Não havia como distingui-las

Nada na memória para compará-las

Por isso no início eram confusas

Onde eu estava ou onde ficava

Era apenas um estar e ficar

Ainda não me existia o me importar

Não sabia como sabia chorar

A reclamar pelo querer mamar

Todo aquele nada de entender do que via

Desaparecia no sono que era incontrolável

Mas controlava o fechar dos meus olhos

E eu por muitas vezes sorria dormindo

Saber do que ou do porque do sorriso

Isso sempre foi incógnita e mistério

Quando no meu engatinhar era o alegrar

Para outros rirem me vendo engraçado

Depois nas tentativas de me levantar

De me equilibrar para poder andar

Sempre cambaleava ao ir até aos braços

De quem me amava e me amparava

Eram sorrisos e gritinhos na felicidade

Pueril vivida sem saber que era felicidade

Foram tempos sem contratempos

Na pureza da inocência criança ingênua

Mas o tempo sempre sem nunca pausar

Ele não é de parar e nem de amparar

Independente alheio de tudo segue seu curso

Não está a existir para servir de recurso

Naquele tempo de uma parte do tempo infinito

Vim a nascer e ser uma criança a crescer

Na infância o mundo era tão grande

Eu me via tão pequeno iluminado pelo sol

As noites eram muito escuras se não tinham lua

Eram de penumbra quando havia o luar

Foram encantos os pisca-piscas dos pirilampos

Na juventude a procura era por emoções

Sem saber que muitas seriam apenas de ilusões

Gostava-se de alguém pensando ser para sempre

Mas o destino interferia e tudo desfazia

A juventude era muito bem vivida

Antes de surgirem às responsabilidades da vida

Elas chegaram com a maturidade de ser adulto

Nessa fase tudo transcorreu como capítulos

Foram alegrias decepções perdas e tristezas

Sendo a fase da vida mais sujeita às implicações

Infância juventude e maturidade viajaram rápido

E desembarcaram nesta minha estação das recordações

Ela que é a estação final das aventuras e ilusões

Neste mundo de agora ausente das atrações de outrora

Pra quem ano a ano considera sem graça os cotidianos

No parecer que o mundo é divertido pra quem é iludido

Tolerando o constante desenfrear da decadência humana

Existente sob o céu azul anil neste gigante que é o Brasil

Para a velhice os presentes são sem futuro

Todos os dias parecem iguais e vazios de interesse

Os fatos diários logo somem da memória

Perdem na importância para os do pretérito

Eles sem querer sempre aparecem e reaparecem

Se agradáveis de lembrar eles são saudades

Se forem indesejáveis eles torturam a mente

Felicidade mesmo só a de quando criança

Quando como criança sem transtornos se vive a vida

Na velhice quando o velho para andar está a se apoiar

Pouco está a escutar e menos está a enxergar

Com a perda de energia a lhe dificultar

Mais ele vive por viver sem ter o que esperar

Até quando a morte chegar e a vida lhe acabar

Assim a morte é na vida o terminar dela

Para o retorno de o nada ser que se era 


Altino Olympio