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26/01/2016
A alma sob dúvida

Às vezes me lembro dos livros Pré-Socráticos e como gostei das reflexões daqueles filósofos de tempos tão remotos. Do pós-Sócrates temos de Platão, seus conhecidos livros como, Fédon, O Banquete, A Republica e Fedro.  Fédon, que retrata a morte de Sócrates tem como tema a imortalidade, conforme ele declarava. Para isso, acreditava então na existência da alma. Mas, na época dele “não existia como hoje existe bem mais avançada”, a ciência fisiológica das funções próprias de cada órgão dos seres vivos para melhor poder raciocinar sobre o tema em questão. Sócrates para aquelas suas constatações “esotéricas” sozinho deve tê-las criado em sua mente devido as suas reflexões sobre a vida, sobre a morte e sobre o destino dos homens a serem mortos e esquecidos. Para isso tinha muito tempo. Suas ainda teorias sobre a alma e sua imortalidade triunfaram no se espalhar para a humanidade. Hoje temos religiões para o “elucidar” das pessoas sobre suas almas e seus comportamentos, para elas terem continuidade merecida na imortalidade.   Para Sócrates e para quem é igual em suas idéias, bem depois dele outro filósofo, Aristóteles, se me lembro, ele disse o seguinte: “Tudo que constitui os seres encontram-se nos próprios seres e não o transcendem”. Explicando, as conclusões de Sócrates sobre a alma e a imortalidade, elas mentalmente tão só estariam nele e para ele sem ter conotação lógica externa.  Se alguém acreditasse existir homens com dez pernas, isso seria imanente em quem acreditou e nunca lhe seria transcendente. Claro, não haveria correspondência externa. A constituição humana tendo o cérebro, neurônios, sistema nervoso e tudo o mais, mais são e estão para a manifestação da consciência. Ela estando no corpo parece ser independente dele, isto é, sendo dele, mas não sendo ele. Assim, a consciência é entendida como sendo a parte espiritual do corpo, sua alma. O que também corroborou com essa idéia de sermos duplos, duais com corpo e alma, pode ter sido a incidência dos sonhos. Neles o homem se via em outros lugares enquanto dormia. Parecia que sua parte imaterial se desprendia de sua parte material. Daí o pensar ser-lhe principal sua parte invisível, inclusive tendo ela a “fisionomia espiritual” igual à fisionomia do corpo material.  Conforme acreditava o Sócrates, na morte do corpo a alma continuava a existir sem ele. Entretanto, se todos os atributos humanos como o pensamento, a imaginação, o raciocínio, a memória, os sentimentos, as emoções e etc. são aceitos como sendo da consciência, esta também pode ser aceita como sendo a alma ou função dela. Contudo, como já “dito”, pra existir e se manifestar “a consciência necessita de órgãos como o cérebro, neurônios, sistema nervoso e tudo o mais” para se sustentar. Na morte sem esses meios para se sustentar, se manifestar, a consciência desaparece, ela também morre. A alma, então, também não sobrevive se ela e a consciência forem unas, sinônimos. Porém, existem outras atividades no corpo humano que são ocultas. Estas são a atividade da digestão dos alimentos, a atividade do batimento do coração e da circulação do sangue, a atividade do manter da temperatura interna e entre outras, a atividade da cicatrização com memória para a recomposição de como eram antes os locais afetados por lesões aparentes, internas ou externas. Subconsciente é o nome utilizado como referência para essas atividades ocultas. Também ele foi subentendido como sendo a alma. O homem é consciente quando está desperto, é subjetivo quando está a pensar, lembrar, imaginar, raciocinar, mas, adormecido ou desperto, ele é inconsciente de seu estado subconsciente que é ininterrupto no manter ativa a vida em seu corpo. A morte que é a dissolução do corpo, ela é o decompor dos átomos e dos elétrons que antes o comportavam.  Como e qual seria a parte da constituição humana que sobreviveria para compor a alma para sua imortalidade? Que cada um ao refletir sobre isso tenha a sua conclusão e que não seja ela influenciada pelo muito que desde criança ouviu sobre a existência da alma no homem e de sua eternidade. A alma sempre fez parte do nosso condicionamento e por isso, duvidar da existência dela para muitos é impensável. No entanto, para quem gosta de pensar mesmo com o que lhe possa contrariar, este texto poderá estar a lhe agradar.


Altino Olympio