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2003 e as Esperanças de melhorias, que nunca morrem

Como todo fim de ano as especulações sobre o ano seguinte são as mais variadas possíveis. Políticos, jornalistas, pais de santo, videntes, e claro: os economistas, todos tem uma opinião e previsão para o ano que chega. Se fizermos uma filtragem nessa massa de palpites, vamos ter uma realidade nada diferente do que foi o ano de 2002, senão vejamos: o FMI (Fundo Monetário Internacional) continuará dando as cartas e estas são marcadas há muito tempo (o País deve gerar superávit primário e fim de conversa) ou seja: “dar lucro” – e para onde vai esse “lucro”? – no frigir dos ovos, vai para pagar os juros e amortização da dívida externa, que ninguém sabe direito a quanto monta e qual sua origem (teorias a respeito tem desafiado os governos há décadas.)

Nossos deputados continuam achando que dinheiro dá em árvore não só em causa própria (aumento de salário) como inchando o orçamento com despesas. As fontes de recursos (verbas, dinheiro) aparecem e desaparecem do orçamento federal como um passe de mágica, os tribunais de contas estão dando um jeitinho para os governadores não considerarem a folha de pagamentos dos pensionistas do serviço público, no teto máximo para gastar com o pessoal. O efeito cascata dos salários dos servidores públicos (isonomia) deve acrescentar alguns bilhões de reais á despesa.

O Presidente eleito Lula da Silva, promete investir pesado no social, só não sabe ainda de onde tirar o dinheiro. O desemprego continua fazendo vítimas, sem uma política social adequada. O Banco Central continua aumentando a taxa de juros interna (Selic) para conter a inflação, aliás, aumentar para 20, 21, 22 ... 30% não diz absolutamente nada, já que o próprio BC quando entra no mercado para vender seus títulos (letras do tesouro) paga mais de 30% ao ano, para que serve então essa taxa? - é simples, serve para os bancos usarem como referencial para pagar juros aos aplicadores em CDB, fundos de investimentos, etc. (O CDI tem como referencial a taxa Selic) – mas na hora de emprestar dinheiro, a taxa bancária beira os 10% ao mês, ou 120% ao ano – não é um bom negócio? Tomar dinheiro a 18% ao ano e emprestar a 120% ao ano? - E o cambio? Previsões otimistas dão conta de R$ 3,50 por dólar americano, será essa paridade a real? (melhor ter o Armínio do nosso lado) quanto custa um bigmac em Miami? – Uma boa notícia: a agricultura vai bem, faturando como nunca e gerando divisas gordas, o FMI aplaude e manda mais alguns bilhões, claro, para serem pagos com módicos juros.

Outra boa notícia (só para a receita federal) a arrecadação vem batendo recordes e o PT (partido dos trabalhadores) agora aplaude o Everardo, até alguns dias atrás o execrava. Tudo indica que a reforma da previdência, onde os servidores públicos aposentados mordem a fatia do leão, vai continuar gerando polêmica infinita e ficar para o próximo governo (depois do lula).

As demais reformas serão feitas nos moldes já testados, mais um retalho na colcha. E o povo como é que fica nesse pandemônio todo? – bem, como dizia aquela charmosa economista: “o povo é um detalhe” – ou seja, vai continuar trabalhando duro e recebendo quase nada em serviço público (saúde, segurança, educação, etc). Mas os banqueiros, multinacionais e a Petrobrás vão continuar mordendo a orelha num sorriso largo, também os fundos de pensão não vão poder se queixar, assim como a turma da energia elétrica. Então está tudo errado ?- definitivamente não, a maioria das privatizações chegaram em boa hora, a atuação do governo é que deixa a desejar, as agências regulamentadoras mal regulamentam elas mesmas (olha aí o MAE) e os erros sucedem-se. A luz no fim do túnel está não no governo mas na mão dos brasileiros e o chavão é o de sempre: saber escolher os políticos, fiscalizar, participar, deixar de ser apático ao bem comum que é pago com dinheiro do bolso do contribuinte... e por aí vamos nós, desde 1500 quando Cabral aportou e encontrou muita festa... e pouco trabalho.

Edson Navarro