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22/08/2016
Recordações da Av. dos Estudantes

No finalzinho da década de 60, grandes obras formatavam a interessante Avenida dos Estudantes em Caieiras. Conjuntamente, construía-se o Colégio Estadual Walter Weiszflog, o Estádio Municipal e o Campo de Esportes.

Nós, assistíamos entusiasmados a pavimentação local, a movimentação de operários, máquinas, descarregamento de pedras e outros materiais pesados. Era um espetáculo cinematográfico a céu aberto. Um verdadeiro show de engenharia.

Tínhamos onze, doze anos. Ficávamos no topo do barranco (Rua Portugal), com aquela visão quase aérea, perfeita e indescritível.

Dezena de vezes, movidos pelas peraltices, escorregamos pelo barranco abaixo. Sentados em papelões deslizávamos pelo longo tobogã de terra vermelha e fofa. Engatinhando, morro acima, recomeçávamos a escorregadela.

Saindo dali e em direção à nova avenida, desfrutávamos do maior e mais pitoresco brinquedo de rua: Um túnel extenso de tubulações de esgoto. Eram os enormes ductos de concreto, encaixados uns nos outros e já dento das covas. Cabíamos dentro deles como se fôssemos aqueles personagens pequeninos de “Terra de gigantes”, o seriado da televisão. Andávamos em filas, curvados, até a outra extremidade que desembocava na outra avenida: A Professor Carvalho Pinto. E brincávamos. Como brincávamos! Incansavelmente.

Muitas vezes adentramos àquelas tubulações. Eu, minha irmã Joana, minha prima Magali Sant”Anna e nossos amigos: Eva Pilon, Nilza Caresato, Adalberto Pavan, Rosângela Cristina Faltus, Pedro Caresato, Marcos Francisco Nobre e outros mais.

Um dia, logicamente, as obras terminaram pondo fim ao nosso seriado infantil. Em troca, no entanto, fomos presentados com um cenário primoroso, cheio de novas opções descortinadas aos nossos olhos. Pudemos, a partir de então, nos exercitar naquele Campo de Esporte exuberante, verde e paradisíaco. Pudemos nadar em piscinas modernas e deliciosas daquele Estádio, caprichosamente, construído. Pudemos dançar, participar de eventos, festas e shows naquele Clube, excelentemente, bem frequentado.. Pudemos estudar no melhor e mais qualificado Colégio da região. Pudemos trafegar por um calçadão suntuoso, arborizado e idílico. Pudemos degustar de nossa graciosa adolescência e juventude, nos espaços mais bem planejados da cidade. Num boulevard caieirense vivenciamos grandes emoções juvenis, desfilamos, ouvimos músicas, confessamos amor, namoramos e experimentamos gratificantes amizades.

Engraçado que a história tenha começado assim... Com aqueles entulhos, pedras, terras, manilhas e um longo túnel desbravado por nós. Uma maneira inédita, sem dúvidas, mas que marcou um prelúdio sofisticado aos nossos hábitos de lazer.

Décadas transcorreram e sugeriram modernização. A rota, tanto no aspecto técnico como emocional teve que sofrer transformações. Mas, esta alameda, guardou sua essência. Permaneceu convidativa, atraente, frenética, exuberante e jovem, apesar do tempo.

Passar por ela hoje me faz recordar e até ouvir alguns daqueles sons do passado: risos, sussurros e vozes esfuziantes de felicidade... Ecos, certamente, daquela época memorável de estrelismo onde ela foi “nossa” Avenida. De estudantes, desfiles, festas e amistosos encontros.

 

Fatima Chiati