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22/12/2016
Forever

Esquecer de viver!

Quantas vezes nas enxurradas diárias de uma correria insana para resolver o que não tem solução esquecemos que a vida é um Hoje sem ontem e amanha?
Presos por algemas de uma "existência" abarrotada de regras, disciplinas, padrões seja de comportamento, mentais ou (muito desgostosa em escrever) dos Programas de Boa Conduta Social, nos deleitamos em uma cadeia perpétua de gélidas paredes ditadas pela sociedade, sem mesmo percebermos que não há sequer uma trava nestas argolas que mantemos atadas, por vezes uma vida inteira, que nos impeça de gritar nossa vontade e direito de sermos "livres"!
Ser livre! Ser infinitamente liberto de todos os preconceitos de nossa própria criação e incessante necessidade de "sermos", um "sermos" o que? 

Por favor, sermos o que somos em essência, sermos sem medidas e sem tanta criatividade mórbida para aquilo que nos amedronta nesta fábrica de robôs sistematizados com ações e reações, onde até as lágrimas são enxugadas com lencinhos de papel pelas cantos discretos dos olhos.

Um "NAO" aos fantasmas da agonia, um "NUNCA" para as ameaças sociais de segregação por seu raro comportamento, um “JAMAIS” para o render-se aos pés do que não queremos ser e simplesmente não somos! Um ADEUS ao metódico modo de viver.
Quantos anos são necessários até nos darmos conta da fragilidade da vida carnal? Ual , “dar nos conta”?

Pois é, esta mulher nesta foto foi fiel a seus princípios implacavelmente e posso assegurar lhes que sua guilhotina constantemente foi afiada para ela mesma fazer uso em sua maneira correta de viver, (e quantos valores difíceis para qualquer semideus segui-los)! 

O que poucos sabem é que sua alma jamais esteve detida por nada nem ninguém, o que poucos sabem é que estes mesmos valores, herdados de uma geração oprimida, não eram de uma mulher prisioneira e recalcada pelas irritantes e insistentes opiniões (não solicitadas) de todos que não tinham (ou tem ) a ousadia de serem Libres. Sua arrebatadora gana em ser plena não eram, não são e nunca serão vassalos de um amanhecer pausado no tempo das andorinhas de Branca de Neve.

Ela  jamais  deixaria de viver com toda grandeza a sua verdade, ainda que seus lágrimas e amarguras fossem infinitamente razoes maiores para ela declinar e desistir de ser ela mesma em plenitude.

Ahhhhh mas o tempo é genial! O tempo é sábio, o tempo... este amante dos ébrios pela vida!
E não é uma foto qualquer sendo apenas fruto de meus devaneios de liberdade incondicional da alma, do corpo, das responsabilidades de nós com "nós". Há 41 anos que convivo com ela, 41 anos que eu sinto o seu cheiro mesmo tão longe fisicamente, 41 anos que eu conheço ( e cada vez mais conheço ) sua capacidade de superação, sua fortaleza, suas guerras, suas vitorias, suas derrotas mas nunca sua submissão ao "não"!
Ela é minha mãe! Selma Ap Mandelli Almeida. 

Óbvio que quase enfartei quando numa manha fria recebo esta foto em meu celular. Gritei para meus próprios ouvidos: "Não acredito, é minha mãe"! 
E mais uma vez ela me surpreendeu e sempre me surpreendera, porque ela é livre, ela vive, ela grita, ela chora, ela luta sem meio termo, sem meias palavras....e ela te conquista com seus ensinamentos e sua inabalável luta para ser feliz!

Sim este é meu “paidrasto”( apelido carinhoso para este homem que é mais que um pai, na verdade) Helio Almeida com quem ela casou-se há.....hum.....perdi as contas. Sim. Quantas vezes ? Sim! Quantas vezes casou-se com ele, é isto mesmo que você esta lendo. Também perdi as contas (mas prometi não ir nos próximos casamentos por questões de saúde: minhas lágrimas estão à beira da extinção para estas cerimônias conjugais de promessa de amor eterno, e neste caso há de ser eterno mesmo pela quantidade de vezes que se juraram este sentimento).
Já não sou como ontem, aprendi mais e mais e mais. Aprendi que esquecer de viver é não viver, e não viver é não ser livre!
Forever......sem duvida alguma!


DANIELE DE CASSIA ROTUNDO