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27/06/2017
A solidão bem vinda

Nesta época e no progresso mental e espiritual “a que nunca chegou” à humanidade, parece que ela aprimorou a sua miséria intelectual. O homem, essa criatura complexa sempre tende a complicar e abusar das normas consideradas corretas de se viver em sociedade. A política é vítima de tantas distorções, e elas produzem o caos no país e seu povo é quem sofre as consequências. Na “arte” as aberrações dominam. Nos programas de televisão a imoralidade parece conquistar mais a audiência. Já disseram que as músicas refletem o nível mental do povo nas épocas em que elas são compostas.

Pelas autorias das músicas e de seus ritmos desta época em que muitos a adotam, então, dá pra perceber um retrocesso para a falta de gosto. Hoje as pessoas se tornam confusas com tanta divulgação sobre fatos que não lhes interessam e só aborrecem. Pela internet muitos expõem seus indisfarçáveis vazios existenciais e o pior, a hipocrisia reina nos agradinhos e elogios entre pessoas carentes de notabilidade. Já se dizia que tudo “está um angu de caroço”, isso, para indicar como está a “evolução” do povo.

Conforme a situação exposta acima, convenhamos, está cada vez mais difícil o relacionamento entre as pessoas. Muitas foram invadidas por tantos “mesmismos” que, por antecedência já se adivinha sobre o que elas querem conversar. Entretanto, existe uma vantagem nisso. Pra quem gosta e tem tempo disponível, com elas se pode jogar muita conversa fora. Talvez seja por causa da idade, mas, quando estou com outros ouvindo suas “conversas tão importantes” (mas só pra eles) sinto muita saudade de quando fico isolado na solidão.

E a solidão é o reencontro do homem com ele mesmo. Na solidão nós somos nós mesmos e podemos “ouvir” os próprios pensamentos e não os dos outros. Na solidão não precisamos daquela “máscara” feita pela expressão facial (ás vezes até sorridente) que se usa diante de outros para disfarçar o nosso desprazer pelos seus assuntos triviais, banais. Para aqueles que a solidão é sofrimento, a culpa pode ser deles mesmos ao se julgarem superiores aos demais por querê-los distantes. Solidão não é sofrimento quando ela é opcional. Ela é bem-vinda quando se quer ter momentos próprios com pensamentos próprios e sem interrupções. Mas, ela não é para qualquer um. Não é para aqueles que não se gostam e sozinhos não se suportam (risos).

 

Altino Olympio