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07/08/2017
Os príncipes desencantados

Naquele sonhar acordado da juventude o viver das mocinhas é na esperança de encontrarem os príncipes encantados. Com os mocinhos a esperança é de encontrarem as princesas encantadas. Quando eles aparecem para elas e elas aparecem para eles, tais desejos da mocidade são realizados. É na juventude que as ilusões têm mais facilidade de encontrarem suas vítimas (risos). O amor ataca os jovens indefesos e eles ao invés de combatê-lo se submetem a ele. Com o amor fervilhando em suas veias e se apossando dos instintos, os príncipes e as princesas se tornam as volúpias até desesperadas. E assim eles namoram naquele “te amo tanto e sem você não poderei mais viver”. E nessa paixão arrebatadora eles prosseguem até ao casamento e junto ao altar da cerimônia religiosa eles juram o amor “até que a morte os separe”.

 

Na lua de mel e no primeiro ano do casamento os príncipes continuam a ser príncipes e as princesas continuam a ser princesas nas volúpias ainda em vigor. Mas, com o passar do tempo, com a vinda dos filhos e com as situações desfavoráveis com que a vida possa surpreender, as princesas se esquecem de que existiam príncipes nas suas juventudes e também os príncipes se esquecem que existiam princesas. Pois, já perceberam que são apenas homens e mulheres simples, casais enfrentando as agruras da vida. Com as tribulações da vida e com o tempo a passar, as belas aparências se modificam. A esposa olha pro marido e pensa: Coitado, como ele envelheceu e ficou feio. O marido disfarçadamente olha pra esposa e pensa: Coitada, como ela envelheceu e ficou feia. Isso é só pra pensar e nunca se deve falar ou escrever sobre o desmanche fisiológico de alguém (risos).

 

Sempre é o tempo tão inimigo que cruelmente e inevitavelmente conduz a todos para a dissolução de suas atratividades. Mas, e aquela volúpia principesca daquele amor da juventude que fim levou? Felizmente a terceira idade, que, como dizem é a melhor idade, ela na vaidade disfarça a verdade com que a realidade desfaz a felicidade da mocidade. Esta crônica tão agradável e até romântica para ler, mais do que antes, vai me conquistar mais simpatizantes. Mas, se alguém ao ler aqui se zangar, eu desminto o que está escrito dizendo que ninguém envelhece, ninguém fica feio, ninguém fica com o rosto enrugado e nem fica com aquela barriga que sempre chega primeiro em todo lugar por aonde se vai. Entretanto, a vida é bela... Enquanto ainda se é jovem e se é inconsciente dela. Porque depois... Quando a idade avançar... Nem é bom pensar no que ela pode nos preparar.

 

Altino Olympio