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21/11/2017
Salto para a vida

Foi num sábado de janeiro do ano dois mil e dez quando às quinze horas na rodoviária da Cidade de Salto finalmente conheci a Márcia pessoalmente. “Velhos” conhecidos virtuais, ao nos vermos parecíamos ser amigos de sempre, tamanha foi à intimidade amistosa naquela tarde tão gostosa até despercebida diante de nossa animada prosa. Com o carro dela num “salto” pela cidade com o sol ao alto, nós dois de boa idade percorremos pelos seus asfaltos sem qualquer maldade. Quando no instante que chegou a fome, ela me levou a um restaurante. Na hora de pagar a conta, como sempre finjo que não ouço, ela pagou e eu nem pus a mão no bolso (risos). Depois, para se abastecer me levou a um supermercado e eu nada quis perguntar, porque, desconfiado pensei que seria a minha vez de pagar. Até me ofereci, mas, ela muito dona de si e que de atitudes desconfia recusou minha cortesia (risos).

Levou-me então para sua morada onde me instalei sem vergonha de nada. O gato preto chamado de “gordo” de fato não me estranhou como se já estivéssemos num acordo. O cachorro também muito dado não saia do meu lado, agarrava meu braço e parecendo uma máquina de costura, nele ficava grudado, coisas essas de cachorro tarado e mal educado. Nessa circunstância nada tendo de elegância chegou a Suzana, irmã da Márcia, querendo dar uma de bacana. Parecia gostar de sacanagens, pois, só falava bobagens. Disse pra irmã num tom desgostoso estar decepcionada por vê-la ao lado de um homem idoso (risos). A Suzana foi embora para depois nos encontrarmos noutra hora. Isso aconteceu já tarde da noite na alegria que contagia na “Casa da Tia”, bar-restaurante do Tibério, filho da Márcia, rapaz este sem qualquer mistério que na brincadeira conduz aquele recinto muito a sério.

Lá, não sendo calúnia, minha amiga espalhou que meu apelido é “Múmia”. Apelido este entre os contatos da internet que não me compromete. Até foi bom porque colaborou com a descontração e nas risadas com que o apelido Múmia provocava. Lá pelas tantas, confundindo apelidos um rapaz gritou-me “hei lobisomem”. De imediato me vi em Caieiras me lembrando de um homem, o Sérvio Bertolo, marido da Ada, ele sim é que é o lobisomem. Naquele ambiente de música ao vivo e de viver contente conheci boa gente daquelas de querer ver sempre. Aqui estão seus nomes: Paulinho filho da Suzana e sua namorada Luana, Vanessa esposa do Tibério e sua mãe Valci, as bem descontraídas amigas Silvia e Laurita, o Ricardo, vulgo Estógio, aquele que me chamou de lobisomem, o Serginho voz de locutor de rádio, o Amauri, lutador de vale tudo, Paco e sua namorada também de nome Luana, Mariana, a cozinheira, Leandro, André Fall e Danilo, estes três últimos na simpatia do servir os freqüentadores da casa.

Pelo decorrer das horas e muitos tendo ido embora, os que permaneceram na “Casa da Tia”, agora, sem de gente estar cheia se viram na surpresa de participar de uma boa ceia. Assim foi a despedida daquela noite bem divertida. De volta pra casa da Márcia quando a sós um ao outro ataca, tudo foi diferente porque ela tanto falou e falou como se fosse uma matraca. E também eu já nem disfarçava, só me preocupava com o cachorro que tanto em mim se esfregava. Até antes do amanhecer confidenciamos nossas emoções lembradas e também nossas tristezas guardadas. O domingo estava como um poema e fomos pra Indaiatuba visitar a Dona Dema. Mãe da Márcia, ela se viu envolvida com nossas engraçadas falácias. E entre as brincadeiras de nossa arte, ela contou que em sua mocidade havia dançado com o saudoso galã e ator Anselmo Duarte.

Na volta o fim da noite era de chuva lavando as ruas desertas provocando assim reflexões incertas. Chamei a atenção da amiga sobre os postes em fila, cujas luzes pareciam tristes ao nos anunciar a nostalgia dos fins de domingo. Entretanto, a nostalgia se afastou de nós dois, pois, nossa alegria nunca nos deixou. Estivemos irmanados sem qualquer constrangimento em todos os nossos bons momentos. Na segunda-feira ao sentir um roçar no rosto e ouvir um miar, isso foi o que me fez acordar. O gato preto surgiu de mansinho querendo carinho. Sim, se aproximava a hora da minha partida contrariamente decidida. A amiga me levou até a Estação Rodoviária onde nossos sentimentos eram mútuos em agradecimentos de verdade oriundos de nossa grande amizade. Logo depois que cheguei donde moro escrevi esta narrativa e a encaminhei para a Márcia, minha amiga de Salto.

 

Altino Olympio