Versão para impressão

01/06/2018
Quem é você leitor?

Hei leitor, se alguém perguntasse sobre quem você é, para responder a essa pergunta você precisaria rebuscar na memória sua trajetória de vida desde quando nasceu e onde. Também, se lembrar de sua família, de sua infância, mocidade, de seus parentes, de seus amigos, de seus estudos, profissão, empregos, suas posses, seus entretenimentos, suas alegrias e suas decepções e etc. Nesse breve rebuscar de sua vivência até então já daria pra se saber que em maior parte “as condições existenciais (e o meio ambiente) é que determinaram quem é você” além das tendências adquiridas pela herança genética dos seus pais e até das de seus avôs e isso se chama atavismo. Então leitor, parece que nós não somos “apenas nós mesmos” como pensamos ser. E também, somos conforme as circunstâncias da existência que nos tenham condicionado.

Vamos imaginar leitor, que você tenha nascido no seio de uma família abastada e num lugar já com infraestrutura donde foi fácil para desenvolver suas aptidões. Sim, e você estudou até se formar numa faculdade. Teve um bom emprego, se casou e formou uma família e etc. O que você pensa quem é está contido em todo esse seu transcorrer, digamos, privilegiado. Repetindo, se alguém fosse lhe perguntar quem é você, sua resposta estaria baseada em tudo o que lhe decorreu desde o seu passado até o presente na sua posição social atual. Pela sua breve biografia você, mais ou menos explicaria quem tu és. Ate poderia dizer para si mesmo: Esse sou eu!

Seria mesmo? Mas poderia ser outro, não poderia? Imaginemos agora que “um golpe do destino” tenha mudado sua vida. Mesmo você sendo o mesmo que poderia ter tido os privilégios citados acima, vamos supor que quando ainda criança você com seus pais precisaram se mudar do lugar donde moravam para outro com poucos recursos para se desenvolver intelectual, profissional e financeiramente. Digamos que esse outro lugar fosse um sítio muito distante das cidades e o acesso a elas fosse difícil. Então leitor, suas aptidões só iriam ser úteis para o local donde estaria. Cuidaria da horta, do pomar, trataria das galinhas, dos porcos, da vaca e etc. Talvez fosse também um homem tímido com medo de mulher para poder se casar (risos).

Agora, para esse viver de poucos recursos alguém poderia perguntar quem você é. Você, um sitiante, também rebuscaria na memória sua vida de até então. Você diria que é um solteirão e que quase nunca saiu do sítio. Diria que é feliz vivendo de entremeio com a natureza, que vê o sol e as plantas nascerem. Sempre é acordado pelos cantos dos pássaros, pelos latidos dos cachorros e pelo berro da vaca, hora de extrair o leite dela. Incluiria tudo referente a sua vida no sítio para contar quem você é. Também diria para si mesmo: Esse sou eu. Seria mesmo, mas, não poderia ter sido outro?

Uma criança quando criança não tem o poder de ser quem quer ser. Depende das circunstâncias donde vive ou para donde poderá se mudar acompanhando seus pais. Neste texto, foi escrito o que poderia acontecer com uma pessoa que poderia ter vida diferente mesmo sendo a mesma, mas, em situações diferentes. Então, não podemos ser categóricos ao afirmar “com certeza” que somos quem somos porque assim quisemos ser. Tudo depende das circunstâncias, “boas ou más” em que a vida nos coloca. Pena que quem teve a sorte de ter nascido numa família “bem de vida” e ter tido a facilidade de se instruir para ter uma vida mais confortável, não generalizando, se sinta superior a qualquer outro que não tenha tido a mesma sorte e viva simplesmente como o imaginado “sitiante” deste texto. Esse “preconceito” é mais comum do que se pensa. Acessando o link aqui abaixo se pode assistir como era ou como é o viver simples num sítio. Mas, parece que viver dos “atropelos” da cidade seja mais interessante.

https://www.youtube.com/watch?v=UoSRJiCPdSo

 

Altino Olympio