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25/07/2006
Símbolos manchados

Varig, a nossa Varig, Correios, Mandou, Chegou, Caixa Econômica Federal, Vem Pra Caixa Você Também, Banco do Brasil, O Banco do Brasil, Petrobrás, O Petróleo é nosso, e outros ícones da excelência brasileira mergulharam na lama da corrupção do atual governo federal, a deixar para trás o promissor Brasil dos anos 50. Nos anos dourados, respirava-se otimismo, sofisticação, e uma erudição contemplativa. Os brasileiros se tornaram subitamente joviais, confiantes e imaginativos por inspiração do presidente cosmopolita. Juscelino era suave. Tudo ficou mais leve como os passos do presidente. Para Nelson Rodrigues, JK estimulou potencialidades criativas e faz surgir um novo brasileiro. Foram anos de doces memórias. Que contraste com os dias de hoje!!!

Varig (Viação Aérea Rio-Grandense)

A maior empresa aérea civil do país detinha até 2003 120 rotas comerciais, um elogiado serviço de bordo, 10.000 funcionários, prêmios internacionais, entres outros dados de relevância, foi reduzida a uma participação humilhante no mercado. Depois do leilão que evitou a decretação da falência, a Varig opera somente na ponte aérea (Rio – São Paulo). O governo brasileiro, maior credor da empresa, recusou-se a colaborar com a recuperação judicial, fosse via BNDS, fosse via apoio logístico da Infraero. A alegação era de a crise ter origem na incompetência empresarial da Fundação Rubem Berta , que administrava a Varig por décadas. Enquanto o leilão rolava, o Brasil doava um helicóptero para o Uruguaio, sob a alegação de que o país vizinho era pobre e precisava de ajuda. Ok! Mas o resultado do leilão será a demissão de milhares de trabalhadores e a venda da Varig para investidores, que lucrarão com as concessões de rotas da companhia, após uma maquiagem empresarial. Adeus, Varig!

Correios (Empresa de Correios e Telégrafos – ECT)


Estopim dos escândalos de corrupção nas empresas estatais em favor da base bajulatória do governo, os Correios desnublaram o esquema de aliciamento de políticos para apoio mercantilista aos projetos de interesse do Planalto. Cargos estratégicos na direção da estatal são entregues a aliados políticos, que fazem caixa poupudo e distribuem propinas entre os deputados nas negociatas clandestinas do poder político. A empresa, que gozava de um prestígio incontestável na prestação de serviços postais, passou a ser símbolo de maracutaias, corrupção e outras mazelas politiqueiras. Antes era do PTB de Reberto Jefferson. Agora passou às mãos do PMDB – de quem mesmo?

 

CEF (Caixa Econômica Federal)

Francenildo Costa, um simples caseiro, filho de uma lavadeira e de pai incerto, ousou testemunhar sobre os encontros mafiosos do ex-Ministro da Fazenda, Antonio Pallocci , com o bando de Ribeirão Preto, para articular planos de assalto aos cofres públicos. Em conseqüência, o governo usou a presidência da Caixa Econômica Federal para invadir a privacidade das contas do caseiro e fustigar sua vida – ato de uma ditadura implacável que levou à lama credibilidade da CEF. Aliada ao Coaf e a própria Receita Federal, uma operação de vasculha foi montada com a agilidade sem precedentes para persecução de um fato. Quem daria ouvidos para um pobre? Erraram em adotar esse pressuposto arrogante. O Ministro e o Presidente da CEF caíram. A Caixa perdeu seu fundo: a confiança incólume.

 

BB (Banco do Brasil)

Durante a gestão do petista Henrique Pizzolato, diretor de marketing do Banco do Brasil, a Visanet , controlada pelo banco, foi responsável pelo abastecimento de milhões de reais ao “valérioduto”. As agências de propaganda DNA e SPM&B faturavam mesmo sem prestação de serviço ao Banco ou mediante Notas Fiscais falsas. A responsabilidade pela escolha da DNA seria do ex-presidente do BB, Cássio Casseb e do ex-ministro da Comunicação, Luiz Gushiken, O dinheiro serviu para financiar a base de bajulação corrupta do governo: PTB, PP e PL, entre outros. Se antes indetificava-se a imagem do Banco do Brasil à pureza do OURO, agora parece mais ouro de tolo.

 

Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras)

Os contratos superfaturados firmados pela Petrobras com a GDK Engenharia, na Bahia, renderam ao ex-Secretário Geral do PT uma Land Hover, em evidente favorecimento da máquina de fraudar licitação para abastecimento de dinheiro ao projeto de manutenção do poder, com direito a mimos. Quiseram clonar Getúlio Vargas e suplanta-lo por meio de marketing. Propaganda também cansa. Mãos limpas talvez sejam a mais eficaz forma de governar um país e preservar as instituições. A Petrobras não é auto-suficiente. O ouro negro escorre no mercado político negro.
A denúncia do Procurador Geral da República explica:

"A organização criminosa ora denunciada era estruturada em núcleos específicos, cada um colaborando com o todo criminoso em busca de uma forma individualizada de contraprestação."

 

Pelo que já foi apurado até o momento, o núcleo principal da quadrilha era composto pelo ex Ministro José Dirceu, o ex tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, o ex Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores, Sílvio Pereira, e o ex Presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno. Como dirigentes máximos, tanto do ponto de vista formal quanto material, do Partido dos Trabalhadores, os denunciados, em conluio com outros integrantes do Partido, estabeleceram um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais e também de concessões de benefícios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira.

 

O objetivo desse núcleo principal era negociar apoio político, pagar dívidas pretéritas do Partido e também custear gastos de campanha e outras despesas do PT e dos seus aliados.

Com efeito, todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional e tiveram por objetivo principal no que concerne ao núcleo integrado por José Dirceu, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoíno, garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores mediante a compra de suporte político de outros Partidos Políticos e do financiamento futuro e pretérito (pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais."

Hermano Leitão / JAS