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29/09/2015
Lixo: Mande para Caieiras

Os 30 mil moradores de Iguape, no sul do Estado, podem não saber, mas o lixo colocado na calçada das casas percorrerá 218 km pela Régis Bittencourt até o destino final, na Grande São Paulo.

Já o que jogam fora os habitantes de Igarapava, no interior paulista, chegará à mineira Uberaba, enquanto Barra Mansa, no Rio de Janeiro, recebe a sujeira retirada de Arapeí e Bananal.

Esses são alguns dos municípios que aparecem em levantamento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O estudo mostra que 235 cidades despejam seu lixo a quilômetros de distância –em aterros particulares de empresas de saneamento de outros municípios.

Outras dez prefeituras destinam seu lixo a aterros públicos de cidades vizinhas.

Enviar os resíduos para fora tem sido a opção de prefeituras que não possuem aterro próprio e que afirmam não ter verba para manter um local adequado à exigência dos órgãos fiscalizadores.

Há também casos de limitações ambientais, como cidades próxima a mananciais ou aquelas com boa parte do perímetro em área vegetal.

O Caminho do Lixo

FIM DOS LIXÕES

Aprovada em 2010, a lei que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou o fim dos lixões, espaços a céu aberto sem proteção do solo onde restos são disputados por pessoas e urubus, até agosto de 2014.

Mas, em julho deste ano, após apelo de prefeitos sem verbas, o Senado aprovou a prorrogação do prazo para 2021. Para entrar em vigor, o texto ainda depende de aprovação na Câmara.

Em São Paulo, após ações judiciais, muitas cidades fecharam seus lixões. Ainda assim, 27 prefeituras despejam o lixo em áreas inadequadas.

Outras optaram por exportar sua sujeira, como Monte Alto. Desde 2010 uma empresa terceirizada garante a coleta e transporte do material até Guará, distante 150 km.

Cada tonelada de lixo recolhida custa R$ 189 –são 40 toneladas diárias. "As áreas rurais são caras. Sem contar a manutenção. O custo total seria de R$ 300 a tonelada se fosse para nós operarmos um aterro", disse o vice-prefeito João Paulo Rodrigues.

Em Ilha Comprida, segundo a prefeitura, houve no passado a tentativa com políticos de cidades vizinhas para viabilizar uma área em consórcio, mas a ideia não vingou. A saída foi o lixo "viajar" pela rodovia.

O destino final são aterros como o de Caieiras, na Grande São Paulo, da Essencis. A empresa recebe o lixo de 16 cidades, além de metade do resíduo doméstico da capital e o dos piscinões.

Segundo a Estre, que possui um aterro em Paulínia, a terceirização acaba sendo opção para prefeitos porque gerir lixo demanda alto investimento, áreas adequadas e conhecimento específico.

N.R. O aterro de Caieiras recebe lama de mercúrio originária de empresas da baixada santista, o resíduo tóxico é de conhecimento das autoridades do Município que se omitem. Uma CPI está a tempos em banho maria na Câmara Municipal, a opinião dos munícipes é que provavelmente acabe em pizza. A Comissão é presidida pelo vereador Paneli.


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